Nova fase da Lava Jato envolve Guido Mantega no Petrolão

Nova fase da Lava Jato envolve Guido Mantega no Petrolão

Guido Mantega, o ex-ministro da Fazenda de Lula e Dilma Rousseff, foi detido por algumas horas pela Polícia Federal dentro de mais uma fase da operação Lava Jato, que investiga os desvios de fundos público da Petrobras.

A ordem de prisão temporária de cinco dias contra o ex-ministro todo-poderoso foi revogada horas depois pelo juiz encarregado Sérgio Moro para que Mantega pudesse acompanhar a esposa, que se encontra doente e internada.

Mantega foi detido pela manhã no hospital Albert Einstein, em São Paulo, enquanto estava com sua esposa que passava por uma cirurgia, e foi conduzido à sede da PF.

Ele foi levado para responder por um pedido que teria realizado em 2012 ao empresário Eike Batista para cancelar dívidas de campanha no valor de 5 milhões de reais, segundo explicou o procurador federal Carlos dos Santos Lima em coletiva de imprensa.

“Os valores foram canalizados para o exterior através de um contrato falso entre a empresa de Batista e empresas do casal Santana”, acrescentou, referindo-se a João Santana e sua esposa Mônica Moura, marqueteiros do PT.

Nessa nova fase da Lava Jato, batizada de “Arquivo X”, foram realizadas sete prisões e mobilizados 180 agentes para cumprir com 49 ordens judiciais em cinco estados e no Distrito Federal. A prisão de Mantega era por cinco dias, mas podia ser prorrogada.

Mantega foi ministro do Planejamento e depois da Fazenda de Lula (2003-2010) e Dilma até 2014.

Fraudes

O procurador também detalhou que estão investigando o consórcio formado pela construtora Mendes Junior e a OSX, de Eike Batista, o empresário mais rico do país até declarar falência em 2013.

“Esse consórcio ganhou licitações na Petrobras sem nenhuma capacitação apra fazer as construções relativas às plataformas (petroleiras) P-67 e P-70. Temos claro que houve corrupção para que essas obtras fossem adjudicadas”, afirmou.

Segundo ele, foram pagos subornos no valor de 7,4 milhões de reais a um intermediário que “operava para os interesses do PMDB”, partido do presidente Michel Temer.

Também foram achados indícios de “um movimento de origem partidária do PT” para transferir 6 milhões de reais a “empresas ligadas ao ex-ministro José Dirceu”.

Dirceu, chefe da Casa Civil de Lula, foi sentenciado a 23 anos de prisão por este caso, depois de ter sido condenado pelo escândalo do Mensalão de compra de votos.

Nome-chave do PT

Mantega é a mais recente figura do PT atingida pela Lava Jato.

Na terça-feira, Sérgio Moro aceitou a denúncia por corrupção passiva e lavagem de dinheiro contra Lula.

O PT denuncia que o caso foi politizado.

“A bancada de deputados do PT repudia com toda veemência uma nova ação seletiva e abusiva da investigação ‘Lava Jato’ (…). Infelizmente, agentes da procuradoria e da Polícia Federal cometeram abusos gravíssimos, que, neste caso, violam a dignidade e os direitos fundamentais de Mantega e sua família”, assinalou o PT em um comunicado.

Mantega, 67 anos, foi figura-chave na área econômica durante três dos quatro mandatos consecutivos do PT.

Assumiu a pasta do Planejamento em 2003 e, um ano mais tarde, passou a presidir o BNDES. Em 2006 assumiu o Ministério da Fazenda e continuou durante o mandato de Dilma, antes de ser substituído por Joaquim Levy no início do segundo governo.