Moro reforça que conversa entre juiz e promotor é trivial

SÃO PAULO, 2 JUL (ANSA) – O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, reafirmou hoje (2), que conversas entre juízes, membros do Ministério Público e advogados “são coisas absolutamente triviais no cenário jurídico” brasileiro. A declaração foi dada diante de três comissões da Câmara dos Deputados: Constituição e Justiça (CCJ); de Trabalho, Administração e Serviço Público; de Direitos Humanos e Minorias.   

“Vamos esclarecer que, na tradição jurídica brasileira, é comum que juízes falem com procuradores, é comum que juízes falem com advogados”, afirmou. “Isso são coisas absolutamente triviais dentro do cenário jurídico”, acrescentou ao reiterar o que já havia falado no Senado, no mês passado.   

O ministro ainda ressaltou que realizou consultas com colegas estrangeiros, e também obteve afirmações de outras pessoas estrangeiras, que não vislumbraram qualquer maior ilicitude no conteúdo que foi divulgado pelo site de notícias The Intercept Brasil.   

O ministro reiterou que não reconhece o conteúdo das mensagens veiculadas pela imprensa e que elas podem ter sido adulteradas.   

Para ele, até o momento, as conversas atribuídas a ele “são um balão vazio cheio de nada”.   

Moro foi convidado pelas comissões para apresentar sua versão sobre as supostas conversas que teria mantido com integrantes da força-tarefa quando ainda era juiz da 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba, onde são julgados os processos da Lava Jato que tramitam no Paraná.   

Os deputados querem esclarecimentos sobre supostas conversas mantidas por meio de um aplicativo de troca de mensagens por celular obtidas por uma fonte anônima e entregues ao site The Intercept Brasil. O site está, desde o dia 9 de junho, publicando reportagens com base nos diálogos atribuídos ao ministro Sergio Moro e aos procuradores, entre eles, o coordenador da força-tarefa, o procurador Deltan Dallagnol.   

Ao abrir a audiência, o ministro argumentou ainda que a invasão de celulares de autoridades para obter mensagens faz parte de uma “tentativa criminosa de invalidar condenações” da Operação Lava Jato.   

“A minha opinião, e aqui é uma opinião informal, é que alguém com muitos recursos está por trás dessas invasões e que objetivo principal seria invalidar condenações da Operação Lava Jato e impedir novas investigações. Seria alguém com recursos, porque não é tentativa de ataque a um celular, mas tentativa de ataque a vários, em alguns casos talvez com sucesso, o que não parece corresponder à atividade de um adolescente com espinhas na frente do computador”, ressaltou.   

Algumas declarações de Moro provocaram um clima tenso na audiência que precisou ser contido pelo presidente do grupo, Felipe Francischini.   

“Deputados, pelo amor de Deus, se controlem. Todo mundo está dando para trás, parece a ‘Escolinha do Professor Raimundo’ isto aqui”, disse Francischini, referindo-se ao programa humorístico protagonizado por Chico Anysio e transmitido na TV brasileira.   

“Se começar o bate-boca eu vou encerrar a reunião”, acrescentou.   

(ANSA – Com informações da Agência Brasil)