O que a ex-Jovem Pan – atual Jovem Pano – se tornou, é realmente muito triste. Mais triste ainda é ver um jornalista com cabelos brancos, vendendo suas opiniões como quem vende relógio falsificado na Rua 25 de Março em São Paulo.

A outrora melhor rádio do País, berço de profissionais respeitados e influentes, hoje é mero abrigo de subcelebridades de redes sociais, alçadas à patética condição de comentaristas políticos, como o recém-demitido Adrilles Jorge.

Particularmente, sinto uma falta danada do antigo programa Pânico, que marcou minha juventude e que, ultrapassando gerações, fazia, há até bem pouco tempo, a alegria da moçada, com muita piada besta e diversão garantida.

A rádio e o programa se transformaram em meros porta-vozes do governo Bolsonaro, e de forma vergonhosa passaram, inclusive, a reverberar as mentiras e mistificações terraplanistas dessa gente maluca e desonesta..

Não é raro – muito pelo contrário! – ver e ouvir figuras proeminentes do mais tosco bolsonarismo, como Carla Zambelli, Bia Kicis, os bolsokids e outros desfilarem as mais absurdas fake news nos estúdios da Avenida Paulista.

O Pânico, em especial, tornou-se caixa de ressonância de tudo o que não presta dessa gente. Pior. Tornou-se palanque de doidos e mitômanos, desinformando e, no limite, trazendo grande perigo à população que o prestigia.

Bolsonarista roxo, Emílio Surita, o manda-chuva – obviamente, sob orientação da diretoria da Rádio – abriu espaço para Sergio Moro, depois de Lula, o meliante de São Bernardo, o maior desafeto político de Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto.

O ex-juiz deitou e rolou, ao vivo e em cores, na edição desta segunda-feira, 14 de fevereiro. Disse poucas e boas, ou melhor, muitas e ótimas sobre o chefe da quadrilha petista e o patriarca do clã das rachadinhas, para o desespero de todos.

Ao que parece, o dono da emissora, um habilidoso comerciante da comunicação, já sentiu o cheiro de carne queimada que exala do amigão do Queiroz. Como é impossível se alinhar ao lulopetismo, Moro será, talvez, a saída menos traumática.

O fato é que a Jovem Pano jamais voltará a ser a Jovem Pan, ainda que tente. Assim como Augusto Nunes, Guilherme Fiúza e José Maria Trindade nunca mais irão rever, em seus velhos espelhos, os profissionais que um dia já foram.

Espero que Sergio Moro, ou qualquer outro pré-candidato à Presidência, não se esqueça do que essa gente é capaz, e nunca se deixe encantar por opiniões de aluguel. Se a ocasião faz o ladrão, é desconfiando que se escapa do assalto.