O juiz federal Sérgio Moro ordenou a soltura do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, que havia sido preso no início de manhã desta quinta-feira (22) pela Polícia Federal na Operação Arquivo X, 34ª etapa da Lava Jato.

A liberação de Mantega saiu às 12h20, em despacho em que o Sérgio Moro ressalta o ponto mais polêmico da prisão do ex-ministro, que ocorreu no momento em que acompanhava a esposa em uma cirurgia como parte do tratamento de câncer. Mais tarde, Mantega voltou ao hospital Albert Einstein, na zona sul de São Paulo, onde deverá passara noite com a esposa.

De acordo com o documento, a PF não sabia do fato. “Sem embargo da gravidade dos fatos em apuração, noticiado que a prisão temporária foi efetivada na data de hoje quando o ex-Ministro acompanhava o cônjuge acometido de doença grave em cirurgia. Tal fato era desconhecido da autoridade policial, Ministério Público Federal e deste Juízo.” Na avaliação do magistrado, estão “esvaziados os riscos de interferência da colheita das provas nesse momento”.

Mantega chegou às 9h30 à sede da Polícia Federal, em São Paulo. Malotes resultantes da busca e apreensão na residência e escritório do ex-ministro também foram trazidos. O ex-ministro não chegou a prestar depoimento, mas nega enfaticamente ter solicitado R$ 5 milhões ao empresário Eike Batista.

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Guido Mantega também é investigado pela Operação Zelotes

A Polícia Federal esteve às 6h no apartamento onde mora o ex-ministro, mas encontrou apenas o seu filho adolescente e uma empregada no local. Os policiais foram, então, ao Hospital Albert Einstein, onde Mantega acompanhava a esposa, que está internada.

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Em nota, a polícia informou que fez contato telefônico com o investigado, “que se apresentou espontaneamente na portaria do edifício”. Segundo a PF, Mantega, seu advogado e a equipe de policiais foram até o  apartamento do ex-ministro, na região de Pinheiros, zona oeste de São Paulo.

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“Tanto no local da busca como no hospital todo o procedimento foi realizado de forma discreta, sem qualquer ocorrência e com integral colaboração do investigado”, diz a nota da PF.

A operação
No total, são cumpridos 48 mandados em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul e no Distrito Federal.

De acordo com nota do Ministério Público Federal no Paraná, em julho de 2012, o Consórcio Integra Offshore, formado pelas empresas Mendes Júnior e OSX, firmou contrato com a Petrobras no valor de US$ 922 milhões, para a construção das plataformas P-67 e P-70.

Em depoimento ao Ministério Público, o empresário Eike Batista, ex-presidente do Conselho de Administração da OSX, disse que, em novembro de 2012, Guido Mantega, que à época era presidente do Conselho de Administração da Petrobras, teria pedido R$ 5 milhões para o Partido dos Trabalhadores (PT).

Para operacionalizar o repasse, Eike firmou contrato falso com empresa ligada a publicitários já denunciados na Operação Lava Jato por disponibilizarem seus serviços para a lavagem de dinheiro oriundo de crimes. Após uma primeira tentativa frustrada de repasse em dezembro de 2012, em abril de 2013 constatou-se a transferência de US$ 2,350 milhões, no exterior, entre contas de Eike Batista e dos publicitários.

As consorciadas, que não tinham tradição no mercado específico de construção e integração de plataformas, viabilizaram a contratação mediante o repasse de valores a pessoas ligadas a agentes públicos e políticos.

O ex-ministro Mantega será levado ainda hoje para a sede da Polícia Federal em Curitiba. Os procuradores e delegados da Polícia Federal concedem entrevista coletiva ainda hoje para dar detalhes da operação.


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