Já escrevi a respeito e repito: Sergio Moro foi um herói nacional, sim! Mandou para a cadeia as lideranças do maior esquema de corrupção da história do ocidente democrático. Nunca antes na história deste País, como gosta de dizer o chefão do bando, tamanha roubalheira imperou, por tanto tempo, no seio do Estado brasileiro.

Igualmente, já escrevi a respeito e repito: Sergio Moro não tem mais a vaga na minha prateleira de cima. Aliás, nem na de baixo. Considero paga a dívida da sociedade para com ele, já que eleito senador. De agora em diante, terá de mostrar trabalho, e já começou mal. Sua credibilidade, que não era grande coisa, hoje, é zero!

É simplesmente vergonhoso, ultrajante eu diria, seu apoio, ou melhor, subserviência a Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, de quem já disse: “nada do que ele fala deve ser levado a sério. Mentiu que era a favor da Lava Jato, mentiu que era contra o Centrão, mentiu sobre vacinas, mentiu sobre a Anvisa e agora mente sobre mim. Não é digno da Presidência.”

Disse mais o “marreco” sobre o devoto da cloroquina: “Bolsonaro, enfim, admitiu que nunca defendeu o combate à corrupção e a Lava Jato. Era só mais um discurso de seu estelionato eleitoral”. Pois é, Moro, o senhor é cúmplice de um estelionatário, de um mentiroso, de um homicida, de um indigno e de um sócio do crime, segundo suas próprias palavras. Ou não?

Uma coisa é ser oposição a Lula, o meliante de São Bernardo. Eu sou! Aliás, sempre fui e sempre serei. Outra, bem diferente, é empenhar o capital político a um proto ditador assumido, patriarca de um clã de peculatários e comerciantes de imóveis em dinheiro vivo, além de sócio do coronavírus e bibelô do “se gritar pega centrão, não fica um meu irmão”.

Ao reverenciar “o convite de Jair Messias Bolsonaro” para comparecer ao debate deste domingo (16), ao posar para fotos e entrevistas ao lado daquele que lhe tratou como traidor, inimigo, conspirador e “péssimo ministro”, imputando, inclusive, a pecha de ter sido conivente com crimes e criminosos, se mostrou um sabujo e cúmplice do “mito”.

A elasticidade da moral – ou imoralidade – dessa gente é espantosa. Juntos, Bolsonaro e Moro prometeram ressuscitar a Lava Jato. Meu Deus! São incrivelmente cínicos e vis, como incrivelmente patetas são os eleitores e fanáticos que brigam com amigos e familiares, quando não raro se estapeiam e se matam, por causa dessa canalha cretina.

A foto que ilustra esta coluna mostra Ciro Nogueira, réu da Lava Jato. É pena que Valdemar da Costa Neto, ex-presidiário ao lado de José Dirceu no Mensalão, presidente do PL, partido que abriga Bolsonaro, o amigão do Queiroz (aquele dos 90 mil reais em cheques para a primeira-dama, Michelle), não esteja nela. Retrataria melhor ainda a infâmia.

Releiam o que escrevi acima (o que Moro disse sobre Bolsonaro). Como combater as acusações que sempre fez o líder do petrolão e do mensalão, Lula da Silva, a Sergio Moro? Ou o ex-juiz, de fato, como resta demonstrado atualmente, não foi suspeito (no sentido de não ter sido isento) durante o processo que mandou o sapo barbudo para o xilindró?

Moro é uma desonra e uma vergonha política! Nem bem começou e já traiu um companheiro (Álvaro Dias), recebeu doação de campanha em troca de apoio a Bolsonaro, emplacou sua esposa, Rosângela, deputada federal por São Paulo (nada mais próximo à velha e suja política que isso) e traiu seus eleitores (que acreditaram nas suas palavras).

Triste o país em que um presidente e um ex-juiz e ex-ministro se elegem, prometendo combater a corrupção, mas, ao contrário, nada fazem, e ainda se unem em prol do tal “sistema”. Mais triste ainda é saber que não são os primeiros nem os últimos. O Brasil, como sempre digo, é uma fossa a céu aberto, incorrigível e irremediavelmente condenado ao fracasso como nação.