Moro pede, Mello concede, Aras ajoelha e Bolsonaro vai ter que rezar. Quem julgou que o inventor da Lava Jato tava desaparecido se enganou. Moro está morto não! Ele ressuscitou das cinzas e do Covid pela pena dura do Ministro Celso de Mello que vai obrigar o Presidente Bolsonaro a depor pessoalmente ­— e não por escrito — no caso da troca do diretor da Polícia Federal no Rio de Janeiro.

Testemunha pode escrever, mas investigado vai ter que falar! Celso de Mello destacou, em sua decisão, que essa possibilidade de depoimento presidencial por escrito é coisa de testemunhas, quando os presidentes são investigados – que é o caso agora com Bolsonaro — Jair vai ter mesmo que depor em pessoa.

O inquérito foi aberto logo em abril, depois que Sérgio Moro pediu a demissão, precisamente porque  Bolsonaro estaria interferindo indevidamente na Polícia Federal. O ex-ministro entregou o cargo por não concordar com a demissão do então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, determinada por Bolsonaro.

Recorda o que falou o presidente nessa reunião? Vou-lhe lembrar — “E não dá pra trabalhar assim. Fica difícil. Por isso, vou interferir! E ponto final, pô! Não é ameaça, não é uma … urna extrapolação da minha parte. É uma verdade. Como eu falei, né? Dei os ministérios pros senhores. O poder de veto. Mudou agora. Tem que mudar, pô.” Interferiu? Vai ajoelhar!

Mas desta vez não vai dar só para um “ajoelhar e rezar” básico. Bolsonaro pode ter que chorar as pitangas porque como relator do caso, o ministro Celso de Mello também autorizou Sérgio Moro a enviar ao presidente perguntas a serem respondidas por ele. Tá imaginando?

Embora estes questionamentos devam ser feitos pelos advogados de Moro as indicações de Mello são inequívocas: “A inquirição do Chefe de Estado, no caso ora em exame, deverá observar o procedimento normal, respeitando-se, desse modo, mediante comparecimento pessoal e em relação de direta imediatidade com a autoridade competente (a Polícia Federal, na espécie), o princípio da oralidade.

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Mas o melhor vem mesmo no fim quando o o decano dos ministros do STF assegura ipsis verbis ao Senhor Sérgio Fernando Moro, querendo, por intermédio de seus Advogados, o direito de participar do ato de interrogatório e de formular reperguntas ao seu coinvestigado”.

Moro pede, Mello concede, Aras ajoelha e Bolsonaro vai ter que se explicar. Nos dois anos que falam para a eleição do Presidente da República — e em ano de bicentenário — a fritura promete ser lenta e dolorosa. Que não seja o povo a pagar o pato enquanto Moro racha o bico.

 

 


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