O juiz federal Sérgio Moro autorizou na quarta-feira, 16, que o engenheiro Glaucos da Costamarques acesse vídeos do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. A defesa de Glaucos, apontado como laranja do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva em propinas da Odebrecht, havia solicitado no dia 8 que o Sírio disponibilizasse as imagens de suas câmeras de segurança para mostrar que o advogado Roberto Teixeira, compadre do petista, entrou nas dependências do Sírio.

O magistrado da Lava Jato determinou que o hospital seja oficiado. Moro afirmou ainda que “todos os eventuais custos do acesso ao material ou às cópias e do seu exame correrão por conta da defesa e poderão ser cobrados diretamente dela pelo hospital”.

“Solicitando que seja franqueado à defesa de Glaucos da Costamarques o acesso, pelo prazo de quinze dias, no próprio hospital ou mediante fornecimento de cópias, dos vídeos de acesso ao estabelecimento ou aos quartos nos quais Glaucos da Costamarques ficou internado durante o período de 23 de novembro de 2015 a 29 de dezembro de 2015, a fim de identificar, a pedido da defesa, se Roberto Teixeira o visitou no período”, ordenou o juiz.

Glaucos é réu em ação penal na qual Lula foi denunciado por supostamente receber R$ 12,5 milhões em propinas da Odebrecht. O engenheiro é acusado de ser o laranja na compra e titularidade do apartamento vizinho ao do ex-presidente, em São Bernardo do Campo, que teria sido custeada pela empreiteira.

Em depoimento, Glaucos afirmou que, quando esteve internado no hospital Sírio Libanês, entre novembro e dezembro de 2015, recebeu o advogado Roberto Teixeira – também réu nesta ação pelo suposto intermédio da compra de imóveis em benefício de Lula – e, no dia seguinte, foi visitado pelo contador João Muniz Leite, quando assinou diversos recibos de pagamentos referentes a 2015 de uma vez só.

Intimado a entregar os recibos de visitas ao suposto laranja de Lula, o hospital comunicou ao juiz federal Sérgio Moro que houve três visitas do contador a Glaucos, porém, nenhuma do advogado do ex-presidente. Moro voltou a pedir, desta vez, quaisquer registros de entrada de Roberto Teixeira, mesmo que não tenham sido para eventual visita a Glaucos.

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Em 20 de outubro, o hospital voltou a “esclarecer que não localizou registros de ingresso de Roberto Teixeira ocorridos durante o segundo semestre de 2015”.

Apartamento

A defesa do ex-presidente alega que Lula pagou pelo aluguel do apartamento em São Bernardo do Campo e que não aceitou o imóvel para a sede do Instituto.

Já a Lava Jato afirma, em denúncia, que o presidente nunca pagou os aluguéis do imóvel vizinho à sua residência, no edifício Hill House.

Lula entregou recibos ao juiz Sérgio Moro do pagamento dos aluguéis. Dois comprovantes apresentam datas que não existem no calendário. Parte dos documentos ainda apresenta os mesmos erros de ortografia.

Em dezembro, a defesa de Lula entregou ao juiz Sérgio Moro laudo pericial de 31 recibos de aluguel do engenheiro Glaucos da Costamarques relativos ao apartamento de São Bernardo do Campo vizinho à cobertura onde reside o petista. Segundo os advogados do ex-presidente, o laudo, subscrito pelo perito Celso Del Pichia, “confirma integralmente a autenticidade e a capacidade probatória dos 31 recibos”.

Na primeira quinzena de 2018, a força-tarefa da Operação Lava Jato pediu em alegações finais ao juiz Sérgio Moro que reconheça que os recibos entregues pela defesa do ex-presidente da República para comprovar aluguel do imóvel vizinho à sua residência em São Bernardo em face do engenheiro Glaucos da Costamarques são “ideologicamente falsos”.


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