Morgan Freeman tem fama de ser duro com a imprensa, sério e pouco falante, mas, às vezes, relaxa e mostra seu lado mais humano, até um pouco demais.

Um ruidoso arroto rompe o silêncio que reina na sala onde um grupo de jornalistas o aguarda em um hotel de Beverly Hills para falar de seu último filme, “Ben-Hur”, que estreia no dia 18 nos cinemas brasileiros e no dia seguinte nos Estados Unidos.

“Desculpe, é que acabei de comer guacamole”, explicou o ator de 79 anos, vencedor de um Oscar de melhor ator coadjuvante em “Menina de Ouro” e indicado a outras quatro estatuetas.

Desde sua primeira aparição nas telonas, em 1964, com “O Homem do Prego”, Freeman rodou 79 filmes, que acumularam 4,3 bilhões de dólares na bilheteria mundial.

É mais que o PIB combinado de 10 países africanos e o mesmo que os filmes de Al Pacino e Robert de Niro arrecadaram juntos.

– O roteiro, a base –

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Os críticos afirmam que seu melhor trabalho foi em “Um Sonho de Liberdade” (1994), mas sua filmografia também inclui obras-primas como “Se7en – Os Sete Crimes Capitais” (1995), de David Fincher, e “Invictus” (2009).

Agora apresenta “Ben-Hur”, a versão do cineasta Timur Bekmambetov sobre o romance de Lew Wallace – o remake mais famoso é o de William Wyler, de 1959, protagonizado por Charlton Heston, que ganhou 11 Oscar.

Jack Huston é Judah Ben-Hur, Tobby Kebell é Messala Severus e o brasileiro Rodrigo Santoro é Jesus Cristo. Freeman interpreta o xeque Ilderim.

Ao ser perguntado se tinha algum conselho ao brasileiro para interpretar o papel divino que lhe coube, Freeman afirmou: “não é difícil dar vida à divindade, se você quer saber a verdade”.

“As pessoas me dizem: ‘Você encarnou Deus (em ‘Todo Poderoso’). Como se preparou para o papel?'”, conta.

“Indo à Igreja? Não. Leia o roteiro, é assim que você se prepara para um personagem”, afirma.

A seriedade assume o tom das palavras. É a atitude que Freeman sempre teve ao longo de sua carreira.

Prestes a se tornar um octogenário, o ator se surpreende quando é perguntado por que continua atuando.

“É um trabalho”, afirma. “Ouvi esta história – talvez seja falsa, mas não parece para mim”, avisa. “É sobre um grande ator. Na última noite vivo escreveu antes de dormir: ‘Eu trabalho’. Isso é realmente o que fazemos, buscamos trabalho. Quando você é tão sortudo como eu, de vez em quando se depara com filmes extraordinários”, afirma.

– Do lado de Deus –

Freeman não esconde seu ceticismo sobre a existência de Deus. De fato, acredita que a humanidade “o inventou”. Mas considera que uma história tão religiosa como “Ben-Hur” merece ser contada várias vezes.


“Há muitas coisas boas nesta história que de alguma maneira nos educam: a ideia de redenção, tolerância, perdão e amor. Todas essas coisas nos fazem querer ser pessoas melhores”, declara.

Embora seja agnóstico, Freeman utiliza as palavras religiosas para falar de política, em um ano eleitoral carregado de tensões raciais.

“Isso é a América. E a América significa esperança. Sempre nos recuperaremos. Sempre perceberemos que, como povo, estamos do lado de Deus”.


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