Moraes será o relator de ação do PSOL no STF contra derrubada do IOF

Presidente da Suprema Corte atende pedido de Gilmar Mendes, que justificou ação parecida em tramitação

Alexandre de Moraes
Alexandre de Moraes Foto: Antonio Augusto/STF

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, redistribuiu o recurso protocolado pelo PSOL contra a derrubada do decreto do IOF e repassou a relatoria para o ministro Alexandre de Moraes. A decisão atende a um pedido do ministro Gilmar Mendes, relator inicial do processo. 

Moraes relata um processo parecido, protocolado pelo Partido Liberal, que tentava derrubar o decreto que alterava as regras do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A medida foi adotada pelo governo federal como alternativa para aumentar a arrecadação e conseguir cumprir a meta fiscal sem precisar realizar novos cortes no Orçamento.

Além do aumento da alíquota do IOF, o decreto também previa a tributação sobre valores de Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito do Agronegócio (LCA). Ambos são investimentos de renda fixa e não entram na tributação do Imposto de Renda.

O decreto enviado pelo Ministério da Fazenda revoltou deputados e senadores, principalmente os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Após duas semanas de negociações, o Congresso decidiu enviar um recado ao Palácio do Planalto e derrubar o decreto presidencial. Foi o primeiro decreto sustado pelo Legislativo em 25 anos.

Decreto do IOF

O decreto foi publicado pelo governo no fim do mês de maio, revoltando parlamentares do Centrão e, principalmente, Motta. O presidente da Câmara criticou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por não ter comunicado o legislativo sobre as mudanças estudadas pelo Planalto.

O governo esperava arrecadar cerca de R$ 10 bilhões para manter a meta fiscal e evitar novos cortes no Orçamento. Na primeira leva de cortes, o Ministério da Fazenda bloqueou R$ 31,3 bilhões e contava com o aumento do IOF para aumentar a arrecadação para atingir a meta fiscal.

As novas medidas ainda pôs fim a lua de mel entre Hugo Motta e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nas última semanas, Motta tem enviado recados duros ao Planalto e criticando os gastos do Planalto.

Desde então, o Congresso passou a se movimentar para derrubar o decreto, mas, em sinal de apoio ao governo, Motta deu um prazo para que os petistas avançassem as negociações. Entretanto, a declaração de Haddad contra o aumento de deputados revoltou a cúpula do Legislativo, que decidiu aumentar o tom contra o Planalto e pautar a derrubada da medida.

Em publicação nas redes sociais, Hugo Motta negou ter traído o governo e disse ter avisado que a medida seria derrubada. Ele ressaltou a participação de partidos da esquerda na derrubada da medida e criticou o uso do decreto como forma de alavancar a polarização política.

“Primeiro, quem alimenta o nós contra eles acaba governando contra todos. A polarização política no Brasil tem cansado muita gente, e agora querem criar a polarização social”, declarou.