Desnecessário dizer que Alexandre de Moraes é o principal ministro do STF na linha de fogo no epicentro da guerra ideológica travada por Bolsonaro contra o Poder Judiciário. Recebe xingamentos de toda ordem dos seguidores do capitão nas redes e na esgotosfera da direita em que navegam. Se até agora é considerado “inimigo nº 1” do mandatário, e odiado pelos malfeitores abrigados no “gabinete do ódio”, as coisas tendem a piorar para eles. É que Moraes galgará postos maiores daqui até 2029. Primeiro, assumirá a presidência do TSE em setembro, e por lá ficará durante as eleições presidenciais – deixará o posto em outubro de 2024, após a eleição municipal. Em seguida, assumirá a presidência do próprio STF em outubro de 2027, onde ficará até o final de 2029, aos 61 anos.

Inquéritos

Os ataques a Moraes decorrem dos cinco inquéritos que ele apura no STF contra Bolsonaro, seu clã e seus amigos, entre os quais o dos atos antidemocráticos e o das fake news. Nesses inquéritos, a famiglia pode terminar condenada. Mendonça quer arquivar. Moraes, e outros, não. A trupe bolsonarista diz que suas filhas podem ser estupradas. Horror.

IPI

No meio da selvageria, Moraes se defende com as armas que tem nas mãos: a Constituição. Acaba de suspender, liminarmente, o corte de IPI para a Zona Franca de Manaus, decretado por Bolsonaro. Moraes está exagerando na guerra? Ministros dizem que não, outros que sim, mas a medida ainda vai a Plenário. E lá, Bolsonaro tem quebrado a cara.

Campeões de audiência

Denny Cesare

Pesquisas encomendadas pelos partidos indicam que alguns personagens em destaque da vida pública podem vir a ser campeões de votos para a Câmara Federal em SP, com mais de um milhão de votos. Antagonicamente, destacam-se nomes nos três espectros da política: Boulos à esquerda, Sergio Moro pelo centro e Eduardo Bolsonaro, à direita. Joice Hasselmann diz ter pesquisas que lhe dão 500 mil votos. A ver.

Retrato falado

“Lula com chuchu vai ser um hit da nossa culinária” (Crédito:João Benz)

Geraldo Alckmin, vice do PT, apelidado de “picolé de chuchu”, não foi ao lançamento da chapa com o petista por estar com Covid. Militantes aplaudiram o novo cardápio da geringonça lusitana à la brasileira: “Lula com chuchu”. O petista abençoou a frase como slogan. Geraldo, crucificado pelo partido no passado, fez pronunciamento em vídeo exibido no telão do auditório, levando os devotos lulopetistas ao delírio. Em 1998, como vice de Covas, jogaram-lhe ovos e, agora, flores.

Os decisivos debates

Dizem que Bolsonaro só ganhou a eleição em 2018 por não ter comparecido aos debates, após a fatídica facada no dia 6 de setembro, um mês antes do pleito. Se abrisse a boca certamente não seria eleito. Por isto, os debates são importantíssimos este ano, depois da avalanche bolsonarista ter deixado a Nação de ponta cabeça, com a destruição de todos os segmentos nacionais. Desta vez, as emissoras já organizaram a agenda de debates dos candidatos: o primeiro será na CNN (dia 6/8), mas o mais tradicional é o da Band (14/8). Depois virão a Rede TV!, Jovem Pan, SBT e o mais decisivo será na TV Globo (dia 29/9), fechando a campanha eleitoral. Líderes refugarão desta vez?

Toma lá dá cá

Joice Hasselmman, deputada do PSDB-SP (Crédito: Edvaldo Rikelme)

A senhora enfrentou resistências dentro do PSDB, vindas de quem não a queria na legenda. Por quê?
A resistência veio de um pequeno grupo ligado ao presidente municipal do partido, que queria ter um minutinho de fama, mas tudo já está resolvido.

Por que no governo Bolsonaro a senhora era líder no Congresso e depois rompeu com o presidente?
Decidi romper quando tive a certeza de que ele era uma farsa, corrupto e que queria transformar uma parte da Abin em sua milícia particular.

Acha que o pleito será decidido entre Lula e Bolsonaro?
Cinco meses para a eleição é muito tempo. Trabalhamos pela terceira via com João Doria e Simone Tebet juntos. Lula e Bolsonaro são tragédias para o País.

Inimputável

Sem querer ser agourento, lembramos que Adélio Bispo de Oliveira, aquele que feriu o capitão em Juiz de Fora, estará na rua a partir de junho, quando será submetido a nova perícia judicial, após ter sido considerado inimputável: tem “transtorno delirante permanente – paranoide”. Está preso em Campo Grande.

Liberou geral

Gilberto Kassab (PSD) concluiu um giro por doze estados para sentir o pulso do partido para a sucessão presidencial. A maioria dos diretórios estaduais (oito) quer que a legenda tenha candidato próprio (citam Ratinho, Paes, Kalil, Pacheco ou Otto). Se ninguém topar, querem ser liberados para apoiar quem bem entenderem. Falta ouvir 15 estados.

Evandro Leal/Agência Enquadrar

Com Lula ou Ciro

Outros três estados disseram que desejam embarcar em uma coligação com Lula (BA e AM) e em um deles (CE) desejam que a coligação seja fechada com Ciro Gomes. Kassab disse à ISTOÉ que a tendência é que a sigla libere seus filiados nos estados. Até porque, Pacheco e Otto já disseram que não querem, enquanto os demais não se desincompatibilizaram.

Em busca de mais dólares para o Brasil

Divulgação

Enquanto aguarda uma improvável definição da terceira via por uma candidatura única, João Doria, candidato do PSDB a presidente, viajou aos EUA no início desta semana para encontros com grandes empresários, reunidos no Brazilian Week, dispostos a investir no Brasil. Aproveitou para ir a Nova York para a entrega do prêmio “Person of the Year” a Luíza Trajano, no Metropolitan Club.

Rápidas

* Marcelo Ramos denuncia que Bolsonaro está obcecado por tirá-lo da vice-presidência da Câmara. Crítico do governo, o capitão exige que Arthur Lira corte sua cabeça. Em razão das pressões, o deputado conseguiu liminar de Alexandre de Moraes (STF) proibindo a degola.

* Os bolsonaristas podem ser bons para gerar fake news, mas são inaptos para organizar um partido, que exige um pouco de inteligência: não conseguiram as 492 mil assinaturas necessárias para criar o Aliança pelo Brasil.

* Bolsonaro é recordista mundial de desmatamentos em florestas tropicais. Em abril deste ano, os madeireiros devastaram 1,012 mil km2 de matas na Amazônia. Os europeus não querem vê-lo tão cedo em acordo multilaterais.

* Sidônio Palmeira, contratado pelo PT para fazer a campanha de Lula, é um empresário bem-sucedido. É sócio de ACM Neto em um fundo imobiliário na Bahia. Quer deixar o PT menos vermelho. Augusto Fonseca dançou.