Moraes determina acareação entre Cid e Braga Netto

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) também atendeu ao pedido da defesa de Anderson Torres e autorizou acareação entre o ex-ministro da Justiça e o general Marco Antônio Freire Gomes

Ministro Alexandre de Moraes
Ministro Alexandre de Moraes Foto: Fellipe Sampaio /STF

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes atendeu a um pedido da defesa do general Walter Souza Braga Netto e determinou nesta terça-feira, 17, a realização de uma acareação entre o ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro (PL) e o delator tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-mandatário.

O magistrado também acolheu ao pedido da defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres e autorizou acareação entre o ex-ministro da Justiça e o general Marco Antônio Freire Gomes, que comandou o Exército e é testemunha no processo sobre a suposta trama golpista após as eleições de 2022 — quando Bolsonaro foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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Devido a isso, Mauro Cid e Braga Netto devem ficar frente a frente na sala de audiências do STF, no dia 24 de junho. O ex-ministro da Defesa, que está preso em uma unidade militar no Rio de Janeiro, comparecerá pessoalmente à Corte. Para isso, Braga Netto terá de usar uma tornozeleira eletrônica e viajar a Brasília no dia 23 de junho.

Anderson Torres e Freire Gomes também se encontrarão em 24 de junho. Os pedidos de acareação foram apresentados pelas defesas de Braga Netto e Anderson Torres, ambos réus no inquérito sobre a suposta trama golpista e integram o chamando “núcleo crucial”.

Os pedidos fazem parte das diligências e puderam ser solicitados pelos advogados do réus após o encerramento dos interrogatórios no dia 10 de junho, quando ouvidos: Mauro Cid (ex-ajudante de ordens do ex-presidente Bolsonaro), Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin), Almir Garnier (ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Augusto Heleno (ex-ministro do GSI), Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) e Walter Braga Netto (ex-ministro da Defesa).

O “núcleo central” é acusado pelos seguintes crimes: organização criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio público; e deterioração do patrimônio tombado.

Os advogados dos réus querem esclarecer pontos que consideram contraditórios nas versões apresentados ao longo dos depoimentos no processo.

Para a defesa de Braga Netto, o interrogatório de Mauro Cid apresenta contradições sobre a reunião realizada em 12 de novembro de 2022 na residência do general, e a suposta entrega de dinheiro em uma caixa de vinho para financiar o plano “Punhal Verde e Amarelo” — que previa o monitoramento de autoridades e o assassinato do presidente Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin.

No caso de Anderson Torres, os advogados argumentaram que é necessário conferir a fala de Freira Gomes sobre a suposta participação do ex-ministro da Justiça em reuniões com teor golpista.