O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o bloqueio de contas e da vaquinha de arrecadação do ex-assessor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Eduardo Tagliaferro, acusado de vazar informações sigilosas da Corte. A informação foi confirmada à ISTOÉ por fontes do STF e de instituições bancárias.
Tagliaferro é acusado de vazar conversas privadas de Moraes com assessores da Corte, além de atuar para prejudicar as investigações sobre os atos antidemocráticos. Ele foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) na semana passada por crimes de violação de sigilo funcional, obstrução de investigação, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e coação no curso do processo.
Na decisão proferida no domingo, 24, Moraes determinou o bloqueio de contas, cartões de crédito e das chaves Pix de Tagliaferro em até 24 horas. Investimentos em ações e renda fixa também foram bloqueados.
Horas depois, Moraes determinou o bloqueio de doações, remessas e transferências de uma vaquinha criada por Tagliaferro para arrecadação de fundos para se manter na Itália, para onde se mudou. Até o momento, o ex-assessor recebeu 71 doações, totalizando US$ 1,5 mil.

Vaquinha organizada por Eduardo Tagliaferro, ex-assessor de Moraes no TSE, para se manter na Itália após ter contas bloqueadas
Após a denúncia da PGR, o ministro pediu a extradição ao Ministério da Justiça que avançasse com o pedido de extradição de Eduardo Tagliaferro. O Itamaraty já enviou o pedido à Justiça da Itália e aguarda uma definição nos próximos dias.
Quem é Eduardo Tagliaferro, ex-assessor de Moraes no TSE
Desde 2017 no Poder Judiciário, o perito computacional Eduardo Tagliaferro era o responsável pelos relatórios do TSE que embasaram decisões de Moraes contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados. Em agosto de 2022, foi nomeado por Alexandre de Moraes para assumir o comando da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação e, em sequência, passou a participar do setor de inteligência da Corte eleitoral.
Antes, trabalhou na iniciativa privada em tribunais estaduais, como São Paulo e Goiás. Também tem passagem pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3).
Em agosto do ano passado, o jornal Folha de S. Paulo divulgou trocas de mensagens de Tagliaferro que aponta um suposto uso do TSE para investigar bolsonaristas no Supremo Tribunal Federal. De acordo com a publicação, Moraes teria imposto de forma não oficial a produção de relatórios para embasar suas decisões no inquérito das fake news.