O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou o acesso aos dados bancários do ex-presidente Jair Bolsonaro e de sua esposa Michelle, no âmbito da investigação sobre supostos desvios de joias e outros presentes oficiais, informa a imprensa.

A Polícia Federal (PF) suspeita que colaboradores próximos de Bolsonaro revenderam presentes oficiais recebidos de países estrangeiros, particularmente joias, para o “enriquecimento ilícito” do ex-presidente.

Segundo a imprensa, o ministro Alexandre de Moraes autorizou investigadores da Polícia Federal a acessarem os dados bancários e fiscais de Bolsonaro e de sua esposa Michelle no Brasil. Também autorizou um pedido de cooperação internacional para acessar os mesmos dados nos Estados Unidos, onde seus colaboradores teriam vendido ou tentado vender objetos de alto valor.

Procurados pela AFP, nem o Supremo Tribunal Federal nem a Polícia Federal confirmaram a autorização até o momento.

“Lógico que tudo incomoda. Mas sem problema nenhum”, declarou Bolsonaro a jornalistas nesta sexta, enquanto tomava café em uma padaria de Goiânia, capital de Goiás, durante uma viagem.

O ex-presidente reiterou que não recebeu dinheiro das joias e disse que quer “clarear o mais rápido possível” o caso.

Entre os presentes de Estado estão duas esculturas, uma em forma de barco e outra de palmeira, oferecidas pelo governo do Bahrein durante visita de Bolsonaro em 2021.

Além disso, há joias masculinas oferecidas pela Arábia Saudita, como um relógio e uma caneta-tinteiro da luxuosa marca suíça Chopard.

“Foi criada uma estrutura para desviar os bens de alto valor presenteados por autoridades estrangeiras ao ex-presidente da República (…) para enriquecimento ilícito”, afirmou Moraes na semana passada, ao ordenar operações de busca na casa de ex-ajudantes do presidente.

Em abril, Bolsonaro prestou depoimento à Polícia Federal no âmbito do caso das joias sauditas e negou qualquer irregularidade.

O ex-presidente viajou aos Estados Unidos dois dias antes do fim do mandato e não compareceu no dia 1º de janeiro à cerimônia de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o derrotou por estreita margem nas eleições de outubro.

Bolsonaro, que foi recentemente condenado pela Justiça Eleitoral e não poderá disputar as próximas eleições presidenciais por ter atacado publicamente o sistema eleitoral brasileiro, tem vários processos abertos na Justiça.

Entre outros casos, o STF investiga uma suposta participação em atos de vandalismo nas sedes dos Três Poderes em Brasília, praticados por seus apoiadores no dia 8 de janeiro.

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