O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou uma investigação contra a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) por suposta participação no plano de golpe de Estado. A decisão foi publicada na terça-feira, 23, mas só se tornou pública nesta quarta, 24.
Moraes atendeu a um pedido da Polícia Federal, que aponta a participação da deputada em um dossiê contra o então candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De acordo com a PF, o documento apontava o financiamento de narcotraficantes e do governo venezuelano ao Partido dos Trabalhadores (PT).
Investigadores afirmam que a deputada intermediou uma viagem da influenciadora Eliza Robson à Espanha para conversar com o general Hugo Carvajal, ex-diretor de inteligência do governo venezuelano. Após a viagem, a influenciadora teria elaborado um dossiê, sem provas, para associar a cúpula petista a narcotraficantes e ao governo venezuelano.
“Constou, ainda, que os fatos ali apurados diziam respeito a uma ‘proposta de colaboração premiada’, por intermédio da qual os nacionais venezuelanos Rafael Ernesto Reiter Munoz e Hugo Carvajal forneceriam supostas informações acerca de internalização de drogas e, ainda, o transporte e entrega de recursos em espécie para pessoas relacionadas ao Partido dos Trabalhadores (PT)”, afirma Moraes na decisão.
A PF afirma que o documento foi entregue ao então ministro da Justiça Anderson Torres, que determinou a abertura de inquérito para investigar o caso. O procedimento foi instaurado dois meses após uma fala do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em uma reunião ministerial em que se discutiu as interferências nas eleições.
“Temos informações do General Carvajal lá da Venezuela que tá preso na Espanha. Ele… já fez a delação premiada dele lá. É… Por 10 anos abasteceu com o dinheiro do narcotráfico Lula da Silva, Cristina Kirchner, Evo Morales. Né? Essa turma toda que cês conhecem”, disse Bolsonaro na época.
Na decisão, Moraes deu 30 dias à PF para apresentar mais informações sobre as investigações.
Em nota, a defesa de Carla Zambelli afirmou que soube pela informação pela imprensa e que ficou surpresa com a decisão. A deputada ainda se colocou à disposição da Justiça e disse que irá se manifestar apenas após ter acesso aos autos do processo.