Moraes ameaça prender Aldo Rebelo em depoimento sobre trama golpista

Antônio Cruz/Agência Brasil
Aldo Rebelo, ex-ministro da Defesa Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), ameaçou prender o ex-ministro Aldo Rebelo durante audiência da Primeira Turma da corte no processo que julga os supostos participantes de um golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder após as eleições de 2022.

Rebelo foi indicado como testemunha do almirante Almir Garnier, comandante da Marinha durante o governo do ex-presidente. Durante a oitiva, Moraes orientou o ex-deputado a responder objetivamente aos questionamentos, e o depoente afirmou que não admitiria censura. “Se o senhor não se comportar, será preso por desacato”, respondeu o magistrado.

No momento da ameaça de prisão, Rebelo respondia sobre a reunião em que Garnier teria colocado as tropas da Marinha à disposição de Bolsonaro para o plano de ruptura institucional. Segundo o ex-ministro, que comandou a Defesa entre 2015 e 2016, a língua portuguesa é repleta de “forças de expressão”.

“O senhor estava na reunião? Então, não tem condições avaliar a língua portuguesa”, disse Moraes.

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Comandantes no processo

Conforme as provas levantadas pela Polícia Federal e apresentadas como denúncia pela PGR (Procuradoria-Geral da Repúblic), Garnier colocou suas tropas à disposição de Bolsonaro ao ser apresentado ao plano de ruptura institucional. Na ocasião, segundo Freire Gomes, ele e o brigadeiro Baptista Júnior, chefe da Aeronáutica, recusaram a proposta.

Essa versão foi confirmada por Baptista na quarta-feira, 21, em depoimento ao tribunal. “Em uma dessas [reuniões], ele falou que as tropas da Marinha estariam à disposição do presidente”, disse o brigadeiro, que acrescentou ter alertado o ex-presidente sobre a inexistência de fraude nas urnas eletrônicas em 2022.

Na segunda-feira, 19, o ex-chefe do Exército também depôs ao STF e confirmou que os chefes das Forças Armadas foram apresentados ao plano, mas alterou a versão dada aos policiais e não repetiu que o comandante da Marinha colocou as tropas à disposição, razão pela qual foi questionado pelo ministro Alexandre de Moraes. O general relatou que, na reunião, Garnier disse que “estava com o presidente”, mas que não poderia interpretar essa fala.

São réus 31 dos 34 denunciados no processo, incluindo Bolsonaro e Garnier. Se condenados, eles poderão pegar mais de 43 anos de prisão.

A cronologia da trama golpista

*Com informações de Agência Brasil