Antes dos tiros que mataram 7 de 28 mortos na operação mais letal da história do RJ era possível ouvir “abaixa a arma” e “perdi”. A denúncia foi feita por moradores de uma casa próxima à rua do Areal, na favela do Jacarezinho, zona norte do Rio de Janeiro. As informações são da Folha de S. Paulo.

Segundo os moradores, policiais civis, um grupo de seis a oito criminosos armados e três pessoas de uma mesma família estavam dentro da casa. Os suspeitos morreram, os policiais retiraram os corpos e os moradores da casa decidiram se mudar. Quase dez dias depois da ação, as circunstâncias de todos os 27 óbitos de civis ainda estão cheias de perguntas.

Três moradores, que não quiseram se identificar por medo de represálias, narraram que os fatos aconteceram nessa ordem: um grupo de traficantes armados fugia por cima de lajes e por dentro de casas durante a ação e parou ​em uma delas. Ficaram 20 minutos conversando com os moradores. Pouco depois a polícia chegou. Os moradores não contaram o que aconteceu dentro da casa, mas narraram que ouviram “abaixa a arma” e “perdi” ou “perdemos”, indicando uma discussão entre o grupo e os policiais, seguida de muitos tiros.

Após a ação, a família se mudou no mesmo dia e uma moradora relatou que vizinhos se juntaram para limpar a casa, mas ouviram dos policiais que não limpar porque haveria perícia. A mesma moradora contou que os policiais ficaram na região por cerca de 40 minutos depois das mortes.

Segundo a Folha, o boletim de ocorrência sobre o episódio com sete mortos corresponde aos nomes de Diogo Gomes, 39, Evandro Santos, 49, John Jefferson da Silva, 30, Marlon de Araújo, 23, Pablo de Mello, 26, Toni da Conceição, 29, e Wagner Luiz Fagundes, 38. Entre as forças de segurança, participaram desse suposto confronto oito policiais da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), grupo de elite da Polícia Civil do RJ.