O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, se reunirão na linha de demarcação militar que divide a península antes de uma histórica cúpula cheia de simbolismo na sexta-feira.

Moon irá saudar os visitantes na linha de blocos de cimento que marca a fronteira entre as duas Coreias na Zona Desmilitarizada, disse nesta quinta-feira (26) o chefe da Presidência sul-coreana, Im Jong-seok.

A Presidência da Coreia do Sul também anunciou que a irmã de Kim Jong-un, Yo Jong, fará parte da delegação da Coreia do Norte, assim como o chefe de Estado norte-coreano, Kim Yong Nam.

Esta reunião é a terceira da cúpula intercoreana, depois de dois encontros que aconteceram em Pyongyang em 2000 e em 2007, e marca um ponto de inflexão após uma aproximação diplomática que foi seguida por um período de alta tensão na península.

A Otan, entretanto, considerou nesta quinta-feira que a comunidade internacional deve manter a pressão e as sanções contra a Coreia do Norte até que registrem “mudanças concretas” nas ações do regime, disse o secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg.

Quando Kim cruzar a linha, se tornará o primeiro líder norte-coreano a ir para o Sul desde a Guerra da Coreia, há 65 anos.

Lá, será recebido por uma guarda de honra e junto com o presidente sul-coreano percorrerá a pé a distância até a Casa da Paz, em Panmunjom, onde foi assinado o armistício de 1953.

Depois desta cúpula, Kim também se reunirá com o presidente americano, Donald Trump.

O tema do arsenal nuclear da Coreia do Norte estará no centro da agenda, depois que o país conseguiu um rápido avanço de sua tecnologia durante o mandato de Kim, que herdou o poder após a morte de seu pai, em 2011.

No ano passado, realizou seu sexto teste nuclear, o mais potente até então, e lançou mísseis que são capazes de alcançar o território americano, o que aumentou a tensão entre Kim e Trump, que trocaram ameaças e insultos.

Os Jogos Olímpicos de Inverno em Pyeongchang, na Coreia do Sul, marcaram o início de uma distensão visível neste encontro.

No sábado, Kim anunciou uma moratória nos testes nucleares e lançamentos de mísseis balísticos de longo alcance, afirmando que cumpriram o objetivo.

– ‘Não é fácil’ –

Entretanto, Im Jong-seok advertiu que o panorama que espera os dois líderes não é fácil.

“Alcançar um acordo de desnuclearização em um momento em que os programas nucleares e de mísseis intercontinentais (ICBM) da Coreia do Norte estão tão avançados vai ser fundamentalmente diferente da natureza dos acordos alcançados na década de 1990 e no início de 2000”.

“Isso é o que torna essa cúpula mais difícil”, explicou o funcionário.

Kim Hyun-wook, professor na Academia Nacional Coreana de Diplomacia, disse à AFP que “a questão não é algo que pode ser decidido entre o Norte e o Sul”.

“A Coreia do Norte vai querer ver primeiro que tipo de oferta recebe com relação às garantias de segurança para o regime”, explicou o acadêmico.

“Isso é o que será discutido na cúpula entre Estados Unidos e Coreia do Norte, e não é fácil prometer uma desnuclearização antes de ter uma conversa concreta sobre isso”, afirmou.

Nesse sentido, o presidente americano, Donald Trump, declarou nesta quinta que já maneja possíveis datas para o aguardado encontro com o líder da Coreia do Norte sobre o programa nuclear do país.

“Temos três ou quatro datas, e isso inclui cinco sedes possíveis. Agora temos que ajustar isso”, assinalou o presidente durante uma entrevista por telefone com o canal de TV FoxNews.

Antes do encontro pela manhã, o líder norte-coreano assinará o Livro de Ouro, detalhou Im.

Depois, cada delegação almoçará separadamente e, antes de retomarem as conversas, Kim e Moon plantarão uma árvore na linha de demarcação.

Após as duas partes assinarem um acordo, será publicado um comunicado conjunto.

O dia terminará com um banquete e uma cerimônia de despedida, que marcará o retorno de Kim ao Norte.