PODGORICA, 13 ABR (ANSA) – A Procuradoria de Montenegro acusou 14 pessoas, incluindo dois cidadãos russos, de terem tentado um golpe de Estado e de terem tido a intenção de assassinar o ex-primeiro-ministro Milo Dukanovic para impedir a entrada do país na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).   

Os russos foram identificados como Eduard Shishmakov e Vladimir Popov e seriam integrantes dos serviços secretos militares de Moscou. Ambos estão foragidos e serão processados em contumácia.   

As autoridades montenegrinas dizem ter evitado um golpe de Estado e o assassinato do então premier no dia 16 de outubro de 2016, data das últimas eleições no país balcânico, quando o Partido Democrático dos Socialistas (DPS), legenda liderada por Dukanovic e hegemônica desde 1991, saiu vencedor.   

A OTAN convidou Montenegro para integrar a aliança em dezembro de 2015, com forte oposição da Rússia, que sempre teve essa ex-república iugoslava sob sua esfera de influência. Apesar disso, Moscou nega participação na suposta tentativa de golpe.   

Nesta quinta-feira (13), o Ministério das Relações Exteriores russo emitiu um comunicado criticando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por ter assinado a ratificação do acesso montenegrino à OTAN. “Constatamos que o ingresso forçado de Montenegro na OTAN acontece sem levar em conta a opinião do povo desse país balcânico”, diz a nota.   

Primeiro-ministro entre 1991 e 1998, 2003 e 2006, 2008 e 2010 e 2012 e 2016 e presidente entre 1998 e 2002, Dukanovic liderou o gradual processo de independência de Montenegro em relação à Sérvia, concluído em 2006.   

Nas eleições do ano passado, pela terceira vez, o então premier anunciou sua aposentadoria da política, mas, na posição de líder do DPS, indicou e emplacou Dusko Markovic, ex-chefe dos serviços secretos e seu homem de confiança, como novo líder do governo.   

Com isso, embora não comande o país diretamente, Dukanovic segue exercendo forte influência. Sua saída também tranquilizou a União Europeia e a OTAN, que podem continuar negociando a adesão de Montenegro, mas com uma nova cara, menos controversa, no poder.   

O ex-primeiro-ministro já foi acusado diversas vezes de abuso eleitoral, corrupção e proximidade com traficantes e membros do crime organizado. (ANSA)