06/11/2024 - 11:31
Ondas de calor extremo e alta recorde de temperaturas impediam formação de neve no cume do vulcão inativo. Mudanças climáticas podem estar por trás do atraso.Com mais de um mês de atraso, Monte Fuji, um dos cartões-postais mais conhecidos do Japão, registrou nesta quarta-feira (06/11) a primeira queda de inverno desta temporada, no momento mais tardio registrado nos últimos 130 anos.
A neve começa a aparecer na montanha mais alta do Japão normalmente no início de outubro. No entanto, as temperaturas extremamente quentes dos últimos meses fizeram com que não nevasse até agora.
"As temperaturas estiveram altas no verão, e continuaram altas em setembro, bloqueando o ar frio" que causa a neve, disse Yutaka Katsuta, do Escritório Local de Meteorologia de Kofu. O meteorologista afirmou que as mudanças climáticas podem ter certo grau de impacto no atraso da formação da cobertura de neve.
Em 2023, a primeira vez que se viu neve na montanha foi em 5 de outubro. Os antigos recordes de atraso deste fenômeno meteorológico no local foram registrados em 1955 e 2016, quando nevou em 26 de outubro em ambos os anos.
Temperaturas recorde
O verão deste ano no Japão foi o mais quente já registrado, igualando o nível de 2023, enquanto as ondas de calor impulsionadas pelas mudanças climáticas afetaram o clima em diferentes partes do globo. O país chegou a registrar até 40º C nos dias de calor mais extremos entre junho e agosto, atingindo uma média que supera em quase 2º C os registros de anos anteriores.
As temperaturas em setembro também foram mais altas do que o habitual, com cerca de 1.500 regiões do país registrando dias considerados "extremamente quentes", com mais de 35º C. O calor refreou ligeiramente em outubro, embora as temperaturas ainda continuassem acima da média.
O tempo quente persistiu nas últimas semanas, com uma temperatura média no topo do monte de 1,6º C durante o mês passado, a mais elevada para outubro desde que se iniciaram os registos em 1932, e 3,6°C acima da média.
Turismo excessivo
O Monte Fuji é coberto de neve durante a maior parte do ano. Durante a temporada de montanhismo, entre julho e setembro – período que inclui o verão no país –, mais de 200 mil visitantes costumam se aventurar nas encostas íngremes e rochosas.
Muitos escalam o Monte Fuji durante a noite para ver o nascer do sol em seu cume, a uma altura de 3.776 metros. Este ano, um número menor montanhistas tentou a escalada, após o governo japonês introduzir uma taxa de entrada e limitar a quantidade de pessoas para combater o turismo excessivo.
O formato simétrico da montanha foi imortalizado em incontáveis obras de arte, incluindo a famosa Grande Onda do artista japonês Hokusai.
A última erupção no Monte Fuji ocorreu há cerca de 300 anos.
rc/cn (AFP, EFE)