Aliados aos gigantes de Internet, os construtores de automóveis estão se colocando na vanguarda para seduzir os jovens clientes na China, com mapas interativos, redes sociais e wi-fi.

Em plena queda do mercado chinês, o mais importante do mundo, os alemães Audi e Mercedes-Benz (grupo Daimler), reunidos no Salão do Automóvel de Pequim se mostravam satisfeitos com a idade média de seus compradores chineses: entre 36 e 37 anos.

Agora, as empresas esperam consolidar suas vendas futuras no país, se conseguirem fidelizar esse público exigente e que contrasta com o perfil do comprador médio dos Estados Unidos, de 54 anos, segundo o IHS Automotive.

Os clientes chineses “estão loucos pela Internet, querem estar o mais conectados que puderem. Então, é preciso lhes oferecer as melhores tecnologias”, explicou Hubertus Troska, responsável da Daimler para a China.

Isso explicaria o êxito dos automóveis com telas “touch” e conexão integrada a redes 4G.

Os chineses querem “um serviço de GPS atualizado, com pontos de interesse, como restaurantes ou lojas, nos arredores”, disse à AFP Céline Le Cotonnec, responsável pelos serviços de conectividade para o francês PSA Peugeot Citroën na China.

“São particularmente sensíveis à troca de mensagens por redes sociais e aos jogos”, acrescentou, citando algumas maneiras de se enfrentar os engarrafamentos crônicos das cidades do país.

As tecnologias de conectividade em automóveis podem representar, até 2021, um mercado mundial de cerca de 123 bilhões de euros, segundo a consultoria PwC. Com pelo menos 600 milhões de usuários de smartphones, a China será um ponto de venda-chave. Segundo um estudo da McKinsey de 2015, 60% dos entrevistados chineses garantiram estar dispostos a mudar de veículo para poder ter acesso a seus aplicativos e conteúdos digitais, contra 20% dos alemães.

Baidu contra Google

Embora os sistemas dos americanos Apple (CarPlay) e Google (Android Auto) estejam conquistando espaço em todo o mundo, a China obriga “a fazer certas adaptações”, comenta Troska.

De fato, “as empresas estrangeiras do setor tecnológico sofrem restrições do governo” – principalmente Google, que tem seus serviços proibidos na China -, “o que deixa o caminho livre para os gigantes da Internet local Baidu, Alibaba e Tencent”, observou Celina Li, analista do IHS Automotive.

Este ano, a Audi começará a incorporar, em certos modelos vendidos na China, o sistema operacional “Baidu Carlife”, elaborado pelo concorrente chinês do Google. Com ele, será possível telefonar, ouvir música on-line e acessar o serviço Baidu Maps, dominante no gigante asiático.

Volkswagen, Hyundai e General Motors já anunciaram ter adotado o Baidu CarLife. E a PSA pode segui-los.

Além disso, o gigante chinês do comércio eletrônico, Alibaba, colabora com a SAIC, principal montadora do país. Em 2014, o Alibaba comprou, por US$ 1,5 bilhão, o programa de mapas interativos AutoNavi.

Problemas de cibersegurança

No domingo, a Audi anunciou que está trabalhando com a Tencent, operadora do aplicativo de troca de mensagens por telefone WeChat, que conta com milhões de fãs chineses.

“Do volante, será possível enviar a localização, automaticamente, para os amigos, além de outras interações no futuro”, declarou o diretor do departamento de Eletrônica na filial chinesa da Audi, Intakhab Khan.

Já a PSA, que colabora com o Alibaba em um serviço de mapas interativo e incorpora o wi-fi em alguns modelos, garantiu que todos seus veículos vendidos na China em 2020 serão veículos conectados, contra 20% de sua marca de luxo atual DS.

“Em conectividade, a competição será pesada (…) Ao mesmo tempo, será preciso resolver vários problemas de cibersegurança. É complicado”, advertiu o diretor-geral da Renault-Nissan, Carlos Ghosn.

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