AOSTA, 23 DEZ (ANSA) – Já não são mais 4.810 metros, como se aprende nos livros de geografia: o cume do Mont-Blanc, ou Monte Bianco, a montanha mais alta da Europa Ocidental, situada na fronteira entre Itália e França, está agora a 4.807,3 metros de altitude, e esse número deve continuar diminuindo devido ao derretimento da grande camada de gelo apoiada na rocha.
O alerta foi lançado por pesquisadores da Fundação Montanha Segura, de Courmayeur, na região italiana do Vale de Aosta, com base em dados de uma missão científica ítalo-francesa realizada em conjunto com a Universidade de Savoie Mont-Blanc, por ocasião do Ano Internacional da Conservação das Geleiras.
Graças ao uso combinado de drones, sensoriamento remoto e radar de penetração no solo, foi possível definir o “marco zero” do ponto mais alto da Europa, medindo com precisão a altitude máxima em 4.807,3 metros e a camada do gelo abaixo da superfície em aproximadamente 20 a 25 metros.
O afloramento rochoso abaixo dessa calota foi mapeado a uma altitude de cerca de 4.786 metros.
“O levantamento topográfico não teve como meta apenas obter a altitude do cume”, explica Fabrizio Troilo, coordenador de pesquisa da Fundação Montanha Segura, “mas também analisar toda a área ao redor do pico com o objetivo futuro de observar e medir sua evolução e mudanças”.
Existe uma série histórica de medições do cume do Mont-Blanc feitas a cada dois anos por topógrafos do departamento francês de Haute-Savoie. “Essa série mostra altitudes que variaram de forma bastante irregular ao longo do tempo”, acrescenta Troilo.
Nos últimos anos, no entanto, “parece ter começado uma tendência gradual de queda na altitude do cume, algo que precisará ser verificado e medido no futuro”.
Segundo o coordenador de pesquisa da Fundação Montanha Segura, o estudo provoca “reflexões” sobre o impacto do aquecimento global, que, diferentemente do que se pensava, é capaz de produzir efeitos mesmo em altitudes extremamente elevadas. (ANSA).