Digite ‘Mona Lisa Digital’ em um buscador e você vai encontrar mais de 28 milhões de resultados. Mona Lisa é a pintura mais famosa do mundo. Produzida por Leonardo da Vinci, é também a obra que gera maior interesse das pessoas e a quantidade de curiosos deve aumentar por causa da tecnologia. Agora, a nova moda do momento é recriar obras primas com a ajuda de sistemas de Inteligência Artificial (IA). Muitos artistas têm criado todos os tipos de composições surreais usando o DALL-E, da OpenAI, uma ferramenta de IA que gera imagens a partir de algumas palavras de texto descritivo e que, agora, possibilita ‘expandir’ obras de mestres usando o modelo de aprendizado de máquina.

Com isso, a pintura mais famosa do mundo pode ser vista de outras maneiras. É possível ver Mona Lisa com corpo inteiro e com o cenário de fundo bem maior que o original. Pode-se também ver estudos digitais de como seria seu rosto atual. Obviamente, trata-se de um experimento, mas é sensacional poder ver Mona Lisa a partir dessas outras dimensões. Com a Inteligência Artificial é possível finalizar uma imagem com base nos pixels de origem fornecidos e ter o prompt de texto ajudando a manipular esse processo de geração.

Grandes obras primas estão sendo vistas a partir de um novo olhar, o que é muito interessante e curioso. Graças à tecnologia, as novas versões das pinturas originais imitam uma câmera com recursos de zoom, preenchendo superfícies muito maiores do que as pinturas originais. Testes foram feitos na Mona Lisa e na ‘Garota com Brinco de Pérola’, de Vermeer.

Esses não são os primeiros experimentos usando aprendizado de máquina para brincar com obras de arte famosas. Ano passado, o Rijksmuseum de Amsterdã usou Inteligência Artificial para restaurar digitalmente uma pintura de Rembrandt que foi cortada em 1715 para caber dentro de uma porta. Outros pesquisadores recuperaram um trio de pinturas de Gustav Klimt que foram perdidas devido a saques nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. DALL-E também está usado para reimaginar completamente outras pinturas clássicas.

Apesar de todos os avanços no aprendizado de máquina na última década, os pesquisadores muitas vezes ainda não têm ideia de como os sistemas automatizados chegam às suas determinações. Sistemas complexos de processamento de linguagem natural, como o GPT-3, costumam ser tão estranhos que os especialistas lutam para entender por que a Inteligência Artificial é capaz de produzir resultados tão absurdamente precisos.

A brincadeira com a tecnologia continua, pois muitos afirmam que o DALL-E está criando sua própria linguagem de palavras, sem sentido, e combinando-a com classes de imagens como pássaros e insetos. Palavras sem sentido aparentemente aleatórias estão mantendo associações com certas imagens quando consultadas separadamente via esse sistema. A palavra ‘avião’, por exemplo, geralmente leva a imagens geradas que retratam textos sem nexo. Alguns pesquisadores defendem a ideia de que esse conteúdo produzido não é aleatório, mas revela um vocabulário oculto que o modelo parece ter desenvolvido internamente. Porém, outros estudiosos rebatem dizendo que se trata de uma afirmação absurda. Eu acho que é uma chance aleatória. Para mim, tudo isso está associado à tecnologia começa com um ruído, mas é fato que muitos sistemas com inteligência Artificial confundem humanos.

Isso se deve à natureza massiva dos modelos de linguagem de aprendizado de máquina, que geralmente contêm dezenas de bilhões de parâmetros, e aos conjuntos de dados igualmente maciços usados ​​para treiná-los. Pesquisadores de ética digital alertaram que a escala desses grandes modelos torna extremamente difícil responsabilizar seus designers, pois muitas vezes é impossível rastrear quais fatores levaram o sistema a tomar decisões tendenciosas e prejudiciais.

As criações de obras com inteligência artificial começaram com o ‘GPT1’ (sigla de ‘Transformador Pré-treinado Generativo’). Lançado em 2018, o GPT1 era um computador desenvolvido pela OpenAI, empresa parcialmente financiada por Elon Musk e intimamente associada à Microsoft. Ele foi usado por vários cientistas e engenheiros de software em todo o mundo para descobrir o caminho para a Inteligência Artificial segura.

Com 117 milhões de parâmetros, sendo que cada um aproximadamente equivale a uma sinapse no cérebro humano, o GPT1 utilizou uma técnica chamada de processamento de linguagem natural. Apesar dos esforços, não foi bem-sucedido e causou apenas uma tímida movimentação. A OpenAI não desistiu e lançou um ano depois o GPT2, que era dez vezes mais potente. Finalmente, em 2020, a OpenAI lançou o GPT3, cem vezes maior, com 175 bilhões de parâmetros e capaz de ser treinado com as informações da Internet. Com essa sacada, a OpenAI conseguiu criar a verdadeira inteligência de máquina e chamar a atenção do mundo. O GPT3 é uma máquina de preenchimento automático de grande capacidade, capaz de completar frases a partir de algumas poucas palavras introdutórias. Para surpresa de todos, o computador também é capaz de criar sites e até logotipos a partir da descrição de imagens.

Os estudos continuaram avançando e, com o Dall-e, a OpenAI consegue criar pinturas a partir de sua experiência e de seu conhecimento. Fica a pergunta: o que isso significa para todos os artistas do mundo? Eu aposto que a máquina vai conseguir superar muitos profissionais e produzir obras diferenciadas por ter capacidade de criar sem parar. Já que é capaz de aprender, quanto mais trinar, melhor serão os desenhos finais. Obviamente, nada substitui o homem, mas a máquina pode ajudar na criação de obras de entrada, ou seja, opções capazes de substituir posters e de criar pinturas com cores e características específicas que agradam particularmente cada um dos donos.

Com o tempo, a tecnologia estará cada vez mais avançada e novos sistemas devem surgir para não só criar cópias perfeitas, mas também para desenvolver novas obras. O céu é o limite quando pensamos em arte dentro do universo digital. Não sei se você sabe, mas o Google tem um sistema de aprendizado de máquina que permite experimentar os sons das cores nas obras de Wassily Kandinsky. A primeira aparição pública dessa invenção foi no Centre Pompidou, um dos museus mais modernos do mundo e que fica em Paris. O amarelo convoca trombetas, o vermelho surge com violinos e assim vai. Faça o teste visual e sonoro clicando nesse link. Se desejar saber mais sobre um artista ou se tiver uma boa história sobre o universo da arte para compartilhar, aguardo sua mensagem pelo Instagram Keka Consiglio, Facebook ou no Twitter.