Confira abaixo os momentos cruciais do cerco a Mariupol, um porto estratégico no sudeste da Ucrânia, cuja tomada de controle foi anunciada pelas forças russas nesta quinta-feira (21), após mais de 50 dias de combates.

A conquista de Mariupol permitiria à Rússia estabelecer um corredor dos territórios pró-russos do Donbass (leste) até a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.

– Mariupol bombardeada e cercada –

Em 2 de março, sete dias depois do início da ofensiva de Moscou na Ucrânia, a artilharia russa bombardeou Mariupol, uma cidade de língua russa de 441.000 habitantes, situada a cerca de 55 km da fronteira russa e a 85 km do bastião separatista pró-russo de Donetsk.

O prefeito acusa as forças russas e pró-russas de quererem “impor um bloqueio”, impedindo o abastecimento da cidade e cortando suas “infraestruturas vitais”.

– Ataque a uma maternidade –

No dia 9, um bombardeio russo contra uma maternidade e um hospital infantil deixou três mortos. Ucrânia e União Europeia (UE) condenam o que classificaram como “crime de guerra”. Moscou afirma, por sua vez, que combatentes ucranianos estavam no prédio.

– Primeiras retiradas –

Em meados de março, após várias tentativas fracassadas, milhares de civis começam a ser retirados de Mariupol por um corredor humanitário.

– Destruição de um teatro –

No dia 16, a aviação russa destrói um teatro, onde quase mil pessoas se refugiavam, segundo as autoridades ucranianas, que temem que um total de cerca de 300 mortos. Moscou nega o bombardeio e atribui a responsabilidade por este ataque ao batalhão nacionalista ucraniano Azov.

– ‘Enorme crime de guerra’ –

No dia 21, Kiev rejeita um ultimato de Moscou sobre a rendição de Mariupol. A UE denuncia um “enorme crime de guerra” na cidade portuária. Os civis que conseguiram deixar a cidade com seus próprios veículos descrevem uma situação dantesca, com bombardeios constantes e seus habitantes amontoados nos porões.

– Trégua humanitária –

Em 30 de março, Moscou anuncia um cessar-fogo local para o dia seguinte, para abrir um corredor humanitário. Durante vários dias, russos e ucranianos trocam acusações sobre as dificuldades nas retiradas de moradores para Zaporizhzhya, mais de 200 km a oeste.

Em 2 de abril, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, informa que mais de 3.000 pessoas puderam ser “salvas”.

– Mariupol: “90%” destruída –

Em 4 de abril, o prefeito de Mariupol declara que a cidade está “90% destruída” e que a situação vai além de uma “catástrofe humanitária”.

No dia 7, o “novo prefeito” proclamado pelas forças pró-Rússia, Konstantin Ivashchenko, estima que 250.000 pessoas deixaram a cidade, mas cerca de 300.000 permanecem.

– “Batalha final” –

No dia 11, o Exército ucraniano se prepara para a “batalha final” em Mariupol, onde os combates se concentram em uma extensa zona industrial siderúrgica pertencente ao grupo Azovstal.

– Milhares de mortos –

Em 12 de abril, as autoridades regionais estimam em pelo menos 20.000 o número de mortos. Os Estados Unidos dizem ter “informações confiáveis” sobre a possibilidade de a Rússia usar “agentes químicos” para controlar a cidade.

– Ultimato de rendição –

No dia 17, os últimos combatentes ucranianos ignoram um novo ultimato de Moscou para depor as armas. No dia 19, Moscou reitera que aqueles que se renderem “estarão salvando suas vidas”.

– Fortaleza sitiada –

No dia 20, Kiev propõe negociações especiais sobre Mariupol, onde estão “cerca de mil civis, mulheres e crianças”, além de “centenas de feridos”, de acordo com o presidente ucraniano.

“Estamos dispostos a sair de Mariupol com a ajuda de um terceiro”, com armas “para salvar as pessoas que nos foram confiadas”, declara o vice-comandante do batalhão Azov, Sviatoslav Palamar.

– “Sucesso” –

No dia 21, toda Mariupol está sob controle russo, exceto a fábrica de Azovstal, relata o ministro russo da Defesa.

O presidente russo, Vladimir Putin, ordena sitiar a zona industrial, “de tal forma que nem uma mosca passe”, mas sem um ataque. Ele descreve a “libertação de Mariupol” como um “sucesso”.