Tudo se encaminha para um acordo entre o Reino Unido e a União Europeia em torno do Brexit neste domingo, quando haverá uma reunião de cúpula de chefes de Estado e de governo, em Bruxelas, para definir o futuro da relação comercial. Algumas pendências que existiam com a Espanha, relacionadas à colônia britânica de Gibraltar, foram resolvidas e os dois países firmaram quatro memorandos de entendimento e um tratado fiscal para equacionar o conflito. O principal problema da primeira-ministra Theresa May agora é dentro de casa. Sua proposta de acordo foi mal recebida pela maioria dos deputados britânicos. Cinco de seus ministros pediram demissão, inclusive Dominic Raab, que encabeçava as negociações do Brexit. Parlamentares do partido de May, o Conservador, ameaçam a ministra com um “voto de desconfiança”, o que pode afastá-la da liderança do partido e da chefia do governo. Na terça 20, o Partido Unionista Democrático (DUP), da Irlanda do Norte, alertou a primeira-ministra a respeito de sua insatisfação com o acordo do Brexit e retirou seu apoio em várias votações.

May não desiste de sua proposta e tem feito o que pode para gerenciar a crise interna que se abriu em torno da negociação com a União Europeia. Na semana passada, na conferência anual da principal organização patronal britânica, a CBI, a primeira-ministra conseguiu apoio dos empresários para seu projeto e disse que o acordo é “bom para o Reino Unido e responde aos desejos do povo britânico”. “O acordo que defendemos permitiria ao país sair desses programas da União Européia que não são de nosso interesse, como a política agrícola comum e a política comum de pesca”, afirmou. Sua tenacidade, convicção e empenho na defesa de suas teses têm produzido comparações com a ex-primeira ministra Margareth Thatcher. May defende sua posição de liderança e não deu qualquer sinal de que irá ceder aos seus opositores. “Uma mudança de liderança neste momento não vai facilitar as negociações”, disse. “Ao contrário, o risco é que Brexit seja atrasado ou frustrado.”

Período de transição

O negociador da União Europeia para o Brexit, Michel Barnier, considera o acordo desenhado com Londres “justo e equilibrado”. Segundo Barnier , que se reuniu com representantes dos 27 estados membros da União Européia, a tendência é que seja aprovado na cúpula. “Os Estados membros apoiam o esboço do acordo de retirada. O lado da União Européia ainda precisará decidir o processo interno para concordar em estender o período de transição”, disse Barnier. No período de transição o Reino Unido pós-Brexit seguirá as regras da União Européia, mas sem direito a voto, e terá tempo suficiente para negociar os detalhes do funcionamento da relação futura entre os dois blocos. O abandono oficial do projeto europeu pelo Reino Unido está marcado para o dia 29 de março do ano que vem.

Acordo entre o Reino Unido e a UE se mostra “justo e equilibrado” e a tendência é que seja aprovado na cúpula de chefes de Estado