O dólar operou em leve alta ante a maioria das moedas, em sessão que teve como destaque a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que manteve os juros inalterados. Por sua vez, a comunicação trouxe as perspectivas dos dirigentes para as taxas ao longo deste ano, além dos comentários do presidente de Fed, Jerome Powell, que voltou a ser criticado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Neste cenário, as tensões e desdobramentos das disputas entre Israel e Irã seguiram no radar, incluindo uma eventual intervenção norte-americana no conflito.
O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, fechou em alta de alta de 0,09%, a 98,905 pontos. Por volta das 16h50 (horário de Brasília), dólar caía a 145,17 ienes, o euro cedia a US$ 1,1471 e a libra tinha queda a US$ 1,3408.
Entre os 19 dirigentes do Fed, oito acreditam que os juros terminarão 2025 entre 3,75% e 4,00%, 50 pontos-base abaixo do nível entre 4,25% e 4,50% mantido na reunião. Outros sete dirigentes acreditam que a taxa terminará 2025 na faixa atual, enquanto outros 2 banqueiros centrais defendem que os juros devem encerrar o ano entre 4% e 4,25%. Já Powell alertou que os aumentos tarifários promovidos pelo governo dos EUA devem elevar a inflação no curto prazo e representam um risco para a estabilidade dos preços. “As expectativas de inflação de curto prazo subiram. As tarifas são um fator relevante”, afirmou. “Os efeitos das tarifas vão depender do nível, mas aumentos neste ano provavelmente pesarão sobre atividade econômica e empurrarão a inflação para cima.”
A reação inicial do dólar foi discreta, aponta o ING. “Confirma a suspeita de que o câmbio está atualmente muito focado em eventos geopolíticos e nas oscilações do preço do petróleo para interpretar as pequenas nuances da comunicação do Fed”, diz o banco. “Afinal, o próprio Fed está sinalizando muito pouca confiança em suas projeções do gráfico de pontos ou em onde estará o equilíbrio entre inflação e desemprego em alguns meses”, avalia. “O que provavelmente importará mais para o dólar é a reação de Trump ao tom ainda cauteloso do Fed em relação aos cortes. Vimos casos de grandes liquidações de dólares sempre que os mercados sentiram que a independência do Fed estava seriamente em risco”, conclui.
No Reino Unido, com a inflação de serviços ainda elevada, em 4,7%, a pequena queda da inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) do país, de 3,5% em abril para 3,4% em maio, não levará o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) a se desviar de sua recente trajetória de cortes trimestrais dos juros, afirma a Capital Economics. A consultoria aponta que o BoE parece estar certo de que manterá as taxas inalteradas em 4,25% amanhã e espera um corte de 25 pontos-base em agosto.