O dólar operou em alta perante a maioria das moedas nesta quarta-feira, em um movimento que havia começado com um sentimento de cautela no mercado e foi reforçado após a publicação da ata referente à última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), realizada nos dias 27 e 28 de abril. No documento, houve sinalização sobre o começo das discussões relacionadas à redução do programa de relaxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês), além do reforço da avaliação de que a inflação tem caráter transitório.

O Dollar Index (DXY), que mede a variação do dólar ante seis moedas rivais, fechou em alta de 0,49%, aos 90,191 pontos, retomando o nível simbólico de 90 pontos. O euro, principal componente do índice, se depreciou, caindo a US$ 1,2171 no fim da tarde em Nova York. A libra esterlina, por sua vez, recuava a US$ 1,4112, enquanto o dólar avançou a 109,24 ienes.

O dólar se recuperava da desvalorização recente, especialmente ante o euro, que atingiu ontem sua maior cotação desde fevereiro. O movimento foi intensificado com a publicação da ata do Fed. Entre os destaques, o documento aponta que os dirigentes deixaram de utilizar o termo “considerável” para os riscos à economia, além de alguns participantes sugerirem que há possibilidade de problemas nas cadeias de suprimento levarem a uma alta mais permanente na inflação dos EUA.

Em análise após a divulgação, a Oxford Economics prevê que o Fed anunciará os planos de retirada de estímulos em agosto e começará a diminuir o QE no início de 2022, com alta da taxa básica de juros em 2023. A Pantheon Macroeconomics enfatizou o compromisso da instituição em manter a política acomodatícia até haver evidências de inflação sustentada.

Levando em conta a postura do Fed, a Capital Economics não acredita que o euro seguirá sua tendência recente de valorização em relação ao dólar, e projeta uma cotação de US$ 1,15 ao final de 2021. “A combinação de desempenho econômico superior nos EUA, e o ritmo relativo de normalização das políticas do Fed e do Banco Central Europeu (BCE) apontam para um dólar mais forte”, avalia.

Divulgada hoje, a revisão do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da zona do euro confirmou a alta de 1,6% em abril, na comparação anual. Em entrevista hoje, o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, afirmou que a alta nos juros de títulos públicos do bloco ocorre em reação à retomada econômica, mas que a instituição agirá se for necessário.

A libra “cedeu terreno após uma recuperação esta semana que a colocou próxima às máximas de 2021 contra o dólar”, avalia a Western Union, citando a divulgação hoje da inflação no Reino Unido, que apresentou a maior alta mensal em mais de um ano.