O dólar operou em alta ante a maioria de suas moedas rivais nesta quinta-feira, impulsionado pela previsão de alta nos juros dos Estados Unidos, um dia após o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) atualizar as suas projeções para a taxa dos Fed funds. Agora, a maioria dos dirigentes da entidade prevê alta dupla nos juros em 2023. Sinalizações de uma inflação mais acelerada também deram tração à divisa americana.

O índice DXY, que mede a variação do dólar ante seis pares, fechou em alta de 0,83%, aos 91,889 pontos. Principal componente da medição, o euro operava em baixa a US$ 1,1908 no fim da tarde em Nova York. A moeda comum chegou a reduzir perdas ante o dólar mais cedo, após a revisão do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de maio na zona do euro confirmar a primeira leitura, mas o movimento não se sustentou. Já a libra caía a US$ 1,3925, enquanto o dólar depreciava a 110,29 ienes.

Além de atualizar suas projeções para a taxa básica de juros, o Fed adotou um tom mais “hawkish” ontem. Segundo o presidente da entidade, Jerome Powell, em coletiva logo após o a decisão de política monetária, houve discussões sobre o programa de compras de ativos na reunião desta semana. Foi a primeira sinalização oficial de que o BC americano discute a retirada dos estímulos monetários, processo conhecido como “tapering”.

“A reação à reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) desta semana apoia a nossa visão de que o dólar americano se fortalecerá em relação à maioria das moedas este ano”, projeta a Capital Economics, em relatório enviado a clientes. Para a consultoria, o enfraquecimento de “praticamente todas as moedas” ante o dólar após a reunião de ontem reflete uma “reavaliação sobre o futuro da política do Fed, que provocou uma queda nos preços dos ativos de maior risco”.

De opinião contrária, o Wells Fargo estima que a alta da divisa americana se provará temporária, já que as demais economias do G-20 também têm trabalhado para apertar as suas políticas monetárias.

Analista sênior do Western Union, Joe Manimbo destaca em relatório que o dólar “ignorou dados piores que o esperado” do mercado de trabalho americano hoje. Ele ainda cita a alta nas projeções de inflação do Fed como outra razão que justifica a valorização da moeda. O Citibank avalia, entretanto, que as expectativas inflacionárias nos EUA recuaram recentemente, em especial após a postura hawkish do Fomc na reunião de ontem.

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Única entre as principais moedas rivais a não recuar ante o dólar hoje, o iene se valorizava horas antes de o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) divulgar o seu comunicado de política monetária, marcado para zero hora (de Brasília) de amanhã.

Analistas consultados pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) esperam manutenção da taxa de juros e da meta para os retornos dos títulos do governo com vencimento em 10 anos, mas estimam que a entidade pode estender o prazo de setembro do seu programa de empréstimo à empresas.


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