O dólar avançou ante suas principais rivais nesta quinta-feira, após decisão monetária do Federal Reserve (Fed) e comentários de tom hawkish adotados pelo presidente da instituição, Jerome Powell. O dólar canadense também ganhou atenção e recuou frente a divisa americana após decisão do banco cental do Canadá (BoC). As tensões entre Rússia e países do Ocidente seguem no radar.

O índice DXY, que mede a força do dólar contra um cesto de moedas competitivas, subia 0,55%, a 96,480 pontos, às 18h58 (de Brasília) No fim da tarde em Nova York, o euro caía a US$ 1,1243, a libra tinha baixa para US$ 1,3459 e o dólar subia a 114,58 ienes.

Na mais recente reunião monetária, o Fed decidiu manter sua atual taxa básica de juros, como esperado. No entanto, o banco central dos Estados Unidos abriu caminho para fazer o primeiro aumento em março, de acordo com diversas consultorias e bancos. As apostas monitoradas pelo CME Group subiram para 97% de chance de elevação de 25 pontos-base na próxima reunião.

Os dirigentes também afirmaram a intenção de reduzir o balanço patrimonial do Fed após o início do ciclo de altas dos juros. Para a Capital Economics, é possível que tal anúncio se dê também em março.

Em coletiva à imprensa, Jerome Powell disse que o foco da alta está, de fato, na reunião de março, caso as condições econômicas nos EUA se mostrem apropriadas. O presidente do Fed afirmou não ver progresso nos problemas de cadeias de suprimentos globais, que devem perdurar até 2023. Na avaliação da Oxford Economics, as falas do dirigente refletiram os riscos para uma inflação mais alta e situaram que a economia está em uma situação “muito diferente” dos ciclos de aperto monetário anteriores.

Em meio às tensões na região da Ucrânia, o ING afirma que deve haver um risco maior para as divisas europeias. O dólar avançava a 79,496 rublos. Somado ao ciclo monetário do Fed, o banco holandês prevê fortalecimento das moedas norte-americanas no primeiro semestre deste ano. Hoje, porém, o dólar canadense desacelerou alta em relação ao americano, após o BoC decidir manter sua taxa básica de juros em 0,25% ao ano.

Quanto às moedas emergentes, a Capital Economics espera que caiam frente o dólar daqui em diante. A consultoria observa que tais divisas “aguentaram notavelmente bem” recentemente, inclusive se fortalecendo ante o dólar. No entanto, a alta de juros básicos pelo Fed deve elevar os juros dos Treasuries e pressionar as moedas de economias emergentes. A casa espera ainda que uma desaceleração no crescimento da China e, em alguns casos, o ressurgimento da oferta, que pode levar a uma ampla queda nos preços das commodities nos próximos dois anos. “Isso, em nossa opinião, pesaria particularmente sobre as moedas de exportadores de commodities, muitos dos quais são mercados emergentes”.