Moedas Globais: dólar se enfraquece ante rivais, após inflação dos EUA

O dólar operou em queda ante moedas rivais nesta quarta-feira, reagindo à divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, que em julho subiu 0,5% em relação ao mês anterior, marcando desaceleração ante o avanço mensal de junho. Com a perspectiva de que a inflação americana pode arrefecer, analistas apontam que parte da pressão para o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) retirar os estímulos monetários em breve perde força.

O índice DXY, que mede a variação do dólar ante seis pares, caiu 0,14%, aos 92,922 pontos. No fim da tarde em Nova York, o euro subia a US$ 1,1742, a libra apreciava a US$ 1,3867, enquanto o dólar recuava a 110,42 ienes.

A divisa americana teve seu rali interrompido hoje, uma vez que os sinais de que a inflação dos EUA chegou ao seu pico atenuam um pouco a pressão para que o Fed reduza o estímulo monetário, “algo que os ‘touros’ do dólar estavam esperando”, explica o analista sênior do Western Union Joe Manimbo, em relatório a clientes.

Além do avanço mensal de 0,5% no indicador cheio, o núcleo do CPI, que exclui setores voláteis como alimentos e energia, subiu 0,3% entre junho e julho. Segundo a Capital Economics, a alta mais modesta da inflação fará com que o Fed veja os números como uma validação de seu argumento de que a maior parte do aumento da inflação é temporário.

Presidente da distrital de Atlanta do Fed e membro votante do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) em 2021, Raphael Bostic reforçou hoje que vê a inflação elevada como amplamente transitória, e rechaçou a possibilidade do BC americano elevar os juros por temor pela pressão nos preços.

A Capital alerta, no entanto, que o CPI de julho também mostrou sinais de que pressões “mais duradouras continuam a crescer”, o que pode surpreender os banqueiros centrais americanos.

Em evento online, a presidente do Fed de Kansas City, Esther George, fez coro à opinião de Bostic e afirmou que a pressão inflacionária deve arrefecer nos próximos meses. Ela, contudo, argumentou que a economia americana já apresenta as condições apropriadas para a redução das compras de ativos pelo Fed, algo que o presidente da distrital de Dallas do BC, Robert Kaplan, também defende.

Em relatório enviado a clientes, a Capital Economics estima que as moedas de países exportadores de commodities devem se enfraquecer ante o dólar no futuro próximo, ainda que o atual nível delas parece subvalorizado em um ambiente de altos preços de commodities.

Isso ocorre por dois motivos, segundo a consultoria: primeiro, por conta da desaceleração econômica na China, que deve diminuir a demanda por commodities do país, que é um dos principais importadores globais; em segundo, a casa estima que os fatores que pressionaram as “moedas commodities”, como a alta nos juros dos Treasuries, devem persistir.

Entre moedas emergentes, a lira turca esteve entre as únicas que registraram baixa ante o dólar hoje, no dia que precede decisão de juros do Banco Central da Turquia. Como mostra reportagem do Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), a trajetória fiscal do país é das mais preocupantes entre emergentes, o que coloca o país em posição vulnerável para suportar o eventual “tapering” pelo Fed. No horário citado, o dólar subia a 8,6327 liras.