O dólar se firmou em queda ao fim da tarde desta quarta-feira, após um pregão volátil. Os investidores se posicionavam de olho no discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, no Simpósio do Jackson Hole, que ocorre na próxima sexta-feira, 27. A maior busca por risco neste pregão também pressionou a divisa americana.

O índice DXY, que mede a força do dólar ante uma cesta de seis moedas competitivas, fechou em queda de 0,07%, aos 92,825 pontos. No fim da tarde em Nova York, o euro tinha alta a US$ 1,1769, a libra subia a US$ 1,3762 e o dólar se valorizava a 110,04 ienes.

Uma ligeira mudança no sentimento do mercado fez com que os investidores tirassem dinheiro do dólar, considerado um porto seguro, e fortalecessem os preços das ações e moedas relacionadas ao risco. No entanto, de acordo com a Western Union, os operadores seguem receosos em vender a moeda americana, uma vez que comentários mais hawkish do Powell, durante o Jackson Hole, podem garantir o avanço da moeda. “Há um sentimento amargo sobre se Powell fará um compromisso (em relação ao tapering), dado o avanço da variante delta do coronavírus. Qualquer retrocesso no debate pode fazer com que o dólar sofra imensa pressão de venda”, afirma ela.

Já o Rabobank observa que, apesar da queda do DXY em relação aos altos níveis de negociação na semana passada, por conta do avanço da cepa delta e de dados fracos nos EUA, o preço da moeda americana não mudou muito desde ontem. Para o banco holandês, a faixa estreita na qual as negociações ocorrem sugere que os investidores já tomaram suas posições, à espera de Powell.

Na análise do ING, entretanto, a volatilidade no mercado cambial se dá pelo fato de os investidores não estarem convencidos de que Jackson Hole dará alguma direção ao mercado. Com o avanço da delta e sem data para o tapering, “é suficiente dizer que a tendência do dólar está mista, no melhor dos casos”.

A divergência entre o afrouxamento monetário previsto pelo Fed e a manutenção da política monetária acomodatícia pelo Banco Central Europeu (BCE) também segue no radar. Hoje, o economista-chefe do BCE, Philip Lane, disse à Reuters que a entidade está disposta a agir caso medidas adotadas pelo Fed afetem a zona do euro.