O dólar operou em baixa nesta quarta-feira, 20, com destaque para o pedido do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para que a diretora do Federal Reserve (Fed), Lisa Cook renuncie ao cargo após ser acusada de fraude hipotecária. O movimento aumentou os temores pela interferência do republicano no banco central americano. Neste sentido, ficou em segundo plano a divulgação da ata de política monetária da última reunião do Fed, que foi vista como obsoleta diante de novas informações. No Reino Unido, o dia contou com a divulgação de um avanço no índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), que não alterou perspectivas para a postura do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), e a libra terminou recuando.
O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, fechou em queda de 0,05%, a 98,218 pontos. Por volta das 16h50 (de Brasília), o euro se apreciava a US$ 1,1657 e a libra recuava a US$ 1,3455. A moeda americana tinha queda ante a japonesa, cotada a 147,32 ienes.
Segundo informações do Wall Street Journal, o republicano estaria considerando a demissão de Cook. Como diretora do Fed, ela possui direito a voto nas decisões de política monetária e, na reunião do fim de julho, defendeu a manutenção dos juros, embora Trump venha fazendo agressiva pressão pela redução de taxas.
A ata do Fed divulgada nesta quarta-feira revelou pouco sobre os prospectos de cortes de juros na reunião de setembro, avalia a Capital Economics. Afinal, o documento se refere à reunião precedente à divulgação do fraco relatório de empregos (payroll) de julho. Para a consultoria, o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, em Jackson Hole, na sexta-feira, fornecerá mais subsídios para firmar uma conclusão sobre o que será feito na próxima reunião de política monetária. “A menos que haja uma melhora drástica nos números do payroll de agosto, suspeitamos que o Fed reduzirá a taxa dos fed funds em 25 pontos-base, para entre 4,00% e 4,25%”, prevê a Capital.
Segundo o Rabobank, o dólar encontrou algum suporte esta semana devido à especulação de que Powell manterá sua perspectiva de “estável enquanto caminha” em seu discurso. Se ele o fizer, provavelmente há espaço para mais cobertura de posições vendidas em favor do dólar no curto prazo, avalia. “Dito isso, antecipando um Fed mais dovish no próximo ano, continuamos esperando uma mudança para o euro a US$ 1,20 por volta da próxima primavera do hemisfério norte”, projeta.