O dólar operou em queda ante moedas rivais nesta sexta-feira, pressionado pelo relatório de empregos (payroll) de agosto dos Estados Unidos, que mostrou criação de vagas bem abaixo do estimado pelo mercado. As divulgações de índices de gerentes de compras (PMIs, na sigla em inglês) de algumas das principais economias mundiais também foram acompanhados por operadores.

O índice DXY, que mede a variação do dólar ante seis pares fortes, fechou em baixa diária de 0,21%, e semanal de 0,70%, aos 92,035 pontos. No fim da tarde em Nova York, o euro se valorizava a US$ 1,1889, a libra subia a US$ 1,3874, enquanto a divisa americana depreciava a 109,66 ienes.

O dólar chegou a mostrar volatilidade logo após a divulgação do payroll, com investidores observando também a alta no salário médio por hora, de 0,56% entre julho e agosto, e a queda a 5,2% na taxa de desemprego. A criação de 235 mil vagas em agosto nos EUA, bem aquém dos 750 mil novos empregos esperados para o mês passado, porém, predominou na avaliação de investidores.

O resultado indica fraqueza do mercado de trabalho americano diante da disseminação da variante delta do coronavírus, segundo avaliaram diversos analistas ao repercutir o payroll de agosto. Entre eles, o Conference Board comentou que a alta nos casos de covid-19 nos EUA deve fazer com que o payroll de setembro também venha modesto.

Segundo a Capital Economics, caso a recuperação dos empregos nos EUA siga lenta, o Federal Reserve (Fed) pode adiar o anúncio oficial do começo do ciclo de retirada gradual dos estímulos monetários – processo conhecido como tapering – para o ano que vem. Com a inflação ao consumidor já bem acima da meta anual de 2% no longo prazo, o objetivo de atingir o “pleno emprego” é o que resta para o Fed reduzir a acomodação nos EUA.

Também saíram hoje duas leituras de PMIs do setor de serviços dos EUA. A medição da IHS Markit mostrou queda a 55,1, abaixo da estimativa de recuo a 55,3, pressionando mais o dólar. Já a do Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês) também recuou, a 61,7, ficando acima dos 61,6 esperados.

Com os indicadores americanos no foco, a surpreendente queda de 2,3% nas vendas no varejo da zona do euro entre junho e julho, bem como os recuos dos PMIs de serviços do bloco, da Alemanha e do Reino Unido em agosto, ficaram em segundo plano. Para a Pantheon Macroeconomics, os PMIs europeus ainda estão consistentes com uma recuperação ampla e forte da atividade econômica, conforme a disseminação do coronavírus se retrai.

Também foi divulgado o PMI da China, cujo índice composto, que engloba indústrias e serviços, caiu a 47,2 em agosto, indicando contração da atividade no país pela primeira vez em 16 meses. O resultado, contudo, não foi suficiente para frear a queda do dólar a 6,4545 yuans, no horário citado anteriormente.