O dólar operou em queda ante moedas rivais nesta segunda-feira, à medida que investidores estrangeiros reduziram a busca por segurança, após uma semana de baixo apetite por risco no exterior, que beneficiou a divisa americana. Segundo analistas, o mercado se posiciona para o Simpósio de Jackson Hole do Federal Reserve, que ocorre virtualmente na próxima sexta-feira, 27, enquanto acompanhou nesta segunda a divulgação de indicadores de algumas das principais economias mundiais.

O índice DXY, que mede a variação do dólar ante seis pares fortes, fechou em queda de 0,58%, aos 92,958 pontos. No fim da tarde em Nova York, o euro tinha alta a US$ 1,1749, a libra subia a US$ 1,3732 e o dólar depreciava a 109,66 ienes.

O movimento de hoje no mercado cambial foi provocado pelo maior apetite por risco nas mesas de operações no exterior, o que ainda impulsionou as principais bolsas ao redor do mundo. Caso o mercado acionário siga em crescimento durante a semana, é provável que o DXY siga fraco antes do Simpósio de Jackson Hole, segundo avaliam analistas do ING. O banco holandês, no entanto, estima que este movimento deve ser limitado, diante da incerteza sobre o período de início do tapering pelo Fed, como é chamado o processo de retirada gradual dos estímulos monetários.

A expectativa principal é a de que o presidente do BC americano, Jerome Powell, use o evento para sinalizar de forma mais clara quando e como deve ocorrer o tapering. O chefe de estratégia global do NatWest, John Briggs, porém, é cético quanto à possibilidade de Powell anunciar a data da retirada de estímulos na próxima sexta-feira.

O economista espera que o banqueiro central destaque o progresso da economia americana em direção aos objetivos de inflação a longo prazo e pleno emprego do Fed, mas sem dar uma grande sinalização sobre a trajetória da política monetária no país. “Afinal, se houver preocupações com a atividade por conta da variante delta do coronavírus, inclinar-se para um lado ou para o outro uma semana antes do relatório de empregos dos EUA (payroll) de agosto parece prematuro”, comenta Briggs.

Em relatório a clientes, o Nordea recomenda a busca por hedge frente ao tapering do Fed, para os que negociam taxas em euro, mesmo que isso não tenha grande impacto nessas taxas. O banco diz que há fatores temporários e também persistentes influenciando a inflação neste momento, e considera que a política fiscal ativa e a mudança de estratégia do Fed, almejando agora inflação média em 2% ao ano, são duas mudanças estruturais que têm aumentado de modo substancial as expectativas de inflação dos EUA.

Para além das expectativas quanto à trajetória da política monetária americana, o mercado acompanhou indicadores, que tiveram impacto limitado nas cotações. Índices de Gerentes de Compras (PMIs, na sigla em inglês) de EUA, Reino Unido, zona do euro e Alemanha recuaram em agosto, mas ainda em território de expansão, acima de 50 pontos, enquanto o do Japão se distanciou ainda mais desta marca no mês.

Nos EUA, saíram também o índice de atividade nacional medido pelo Fed de Chicago e as vendas de moradias usadas de julho. Ambos superaram a expectativa do mercado. Já a confiança do consumidor europeu caiu a -5,3 em agosto, o que chegou a moderar a alta do euro ante o dólar mais cedo. Segundo o ING, o resultado sinaliza que o otimismo com a reabertura da economia da zona do euro está “se esgotando”.

A forte alta das commodities no mercado futuro também influenciou o câmbio hoje, com o dólar canadense e o rand sul-africano entre os principais beneficiados. No período citado, o dólar recuava a 1,2654 dólares canadenses e a 15,1366 rands.