Moedas Globais: dólar opera em alta, em sessão marcada por sinais sobre negociações tarifárias

O dólar operou em alta nesta sexta-feira, 27, ante a maioria das moedas, em uma sessão atenta aos desdobramentos Das disputas tarifárias desencadeadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O anúncio de um acordo com a China chegou a pressionar o ativo no começo da sessão, no entanto, declarações do republicano sobre as tratativas com o Canadá deram impulso à moeda norte-americana, e, consequentemente, pressionaram o dólar canadense. O dia contou ainda com a divulgação do índice de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) de maio dos EUA, frequentemente apontado como medida de inflação favorita do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, fechou em alta de 0,26%, a 97,401 pontos. Na semana, por sua vez, houve queda de 1,45%. Por volta das 16h50 (horário de Brasília), o dólar subia a 144,75 ienes, o euro se depreciava a US$ 1,1708 e a libra tinha queda a US$ 1,3707. A moeda americana se valorizava a 1,3718 dólar canadense.

Trump anunciou o encerramento imediato das negociações comerciais com o Canadá nesta tarde. O republicano informou que comunicará as tarifas que o país vizinho enfrentará “dentro dos próximos sete dias”. Trump disse ter sido informado de que os canadenses decidiram impor impostos sobre serviços digitais contra empresas americanas de tecnologia, além de já cobrar até 400% em tarifas por produtos laticínios dos fazendeiros dos EUA “há anos”. “O silêncio foi bom enquanto durou”, avaliou Karl Schamotta, estrategista-chefe da Corpay. Ele alerta que a tensão elevou as expectativas de volatilidade nos mercados cambiais. “O dólar canadense pode continuar pressionado durante o fim de semana e no início da próxima semana”, diz.

Em plano mais amplo, “claramente, não faltaram ventos contrários ao dólar ultimamente: o crescimento mais fraco e a dissidência moderada em relação aos dirigentes do Fed deslocaram os gaps de rendimento contra ele, enquanto a falta de confiança nos mercados americanos (não ajudada por novos questionamentos sobre a independência do Fed) fez com que o dólar se desvalorizasse ainda mais do que as mudanças nos gaps de rendimento implicariam, aponta a Capital Economics.

Por sua vez, embora os dados básicos dos preços das PCE publicados hoje ainda mostrem que o impacto inicial das tarifas foi inesperadamente moderado, acreditamos que o Fed manterá a política monetária suspensa até o próximo ano em meio à preocupação com potenciais efeitos inflacionários secundários das tarifas, ajudando a deslocar as lacunas de rendimento de volta a favor do dólar, avalia. Além disso, o posicionamento líquido curto em dólar parece esticado em relação aos padrões anteriores, sugerindo espaço para uma recuperação no curto prazo, conclui.