O dólar recuou ante os pares nesta quinta-feira, em meio a sinais de fraqueza no mercado de trabalho dos Estados Unidos, o que reforça a perspectiva de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) manterá a política monetária acomodatícia. A moeda americana também foi pressionada pela força do euro, após a ata da mais recente reunião do Banco Central Europeu (BCE) mostrar que os dirigentes da instituição estão menos preocupados com a apreciação do câmbio.

No fim da tarde em Nova York, o dólar caía a 105,65 ienes, o euro avançava a US$ 1,2095 e a libra subia a US$ 1,3976. O índice DXY, que mede a variação da moeda dos EUA ante seis pares, registrou queda de 0,39%, a 90,592 pontos.

“A economia dos EUA surpreendeu novamente, mas para o lado negativo”, afirma o analista de mercado Joe Manimbo, da Western Union. Os pedidos de auxílio-desemprego subiram 13 mil na semana passada, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira pelo Departamento do Trabalho, a 861 mil. Analistas esperavam que as solicitações somassem 773 no período.

Segundo Manimbo, os novos dados lançam dúvidas sobre a “sustentabilidade” da alta mensal de 5,3% das vendas no varejo americano em janeiro, o que havia impulsionado o dólar. “Um mercado de trabalho fraco também valida as perspectivas infinitas para a postura acomodatícia do Fed, que é negativa para o dólar”, diz o profissional.

Na visão da diretora de estratégia cambial da BK Asset Management, Kathy Lien, a queda do dólar hoje é “um tanto surpreendente”. Ela afirma que o recuo nas bolsas de Nova York e o aumento dos juros da T-note de 10 anos, que ocorreu durante boa parte do pregão, normalmente coincidem com um dólar mais forte. “No entanto, a retração da moeda americana foi apoiada por dados econômicos”, diz a profissional.

O euro, por sua vez, ganhou força com a divulgação da ata da mais recente reunião de política monetária do BCE. De acordo com o documento, os dirigentes ressaltaram a necessidade de monitorar a taxa de câmbio e seus impactos na inflação, mas ponderaram que a tendência de apreciação da moeda comum em relação ao dólar começou a se reverter.