A modelo uruguaia M.M.A, de 23 anos, revelou à Justiça que tem cerca de R$ 345 mil para receber de Saul Klein, de 66 anos, filho do fundador das Casas Bahia.

Segundo a modelo, ela foi contrata em 2016, aos 18 anos, para a exercer a função de modelo na casa e no sítio do empresário, ganhando um salário mensal de R$ 30 mil. Ela revelou que, após a contratação, passou a desempenhar funções diferentes, “um misto de cuidadora, doméstica e acompanhante”. O objetivo real da contratação, de acordo com ela, era “alimentar os fetiches sexuais do seu empregador”.

No processo, Pedro Bastos Lund, advogado da uruguaia, afirmou que a jovem foi “seduzida por uma promessa de emprego na cidade de São Paulo, com ganhos significativos e a possibilidade de construir uma carreira de sucesso como modelo”.

De acordo com relato feito à Justiça, na casa de Saul sempre ficavam no mínimo seis garotas de segunda a quinta e 17 garotas de quinta a domingo. Como regra, contou, deveriam ser sempre pontuais, usar saia curta, fazer aulas de ballet e de piano, ler determinados livros e assistir a filmes para que, posteriormente, pudessem conversar com o empresário sobre tais assuntos.

Conforme apontado pelo UOL, as jovens tinham de “transar” com Klein, “de forma individual ou em grupos, satisfazendo-o e cumprindo com o que ele determinasse”, independentemente da vontade delas. “Tal prática era imposta sem preservativo”, relatou.

M.M.A foi demitida em 2018 e afirmou ter desistido do processo trabalhista, no qual cobrava R$ 2,3 milhões, considerando férias, hora extra, adicional noturno e verbas rescisórias entre outros direitos, depois de ter sido procurada por representantes de Saul com uma oferta de acordo.

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A oferta previa o pagamento de R$ 800 mil e a garantia de sigilo. A modelo não poderia falar da vida do empresário nem mesmo com parentes dela, bem como teria de se abster de atuar como testemunha em processos judiciais. Do valor combinado, a uruguaia recebeu cerca de R$ 455 mil em 29 parcelas de R$ 15,7 mil. Depois de abril de 2019, nada mais foi pago.

O herdeiro das Casas Bahia relatou que não sabia da existência do acordo, que a assinatura no documento não é sua e que jamais fez qualquer pagamento. “Se ela recebeu parte dos valores descritos no ‘acordo’, não foram pagos por ele”, afirmou a defesa do empresário à Justiça.

“A versão do empresário remonta aos filmes da Walt Disney, onde ele encontra uma fada madrinha que soluciona os problemas da sua vida através de mágica, realizando acordos, bem como, pagamentos”, rebateu o advogado da mulher. “A fada madrinha foi responsável pelo pagamento de 29 parcelas no valor de R$ 15 mil cada!”.

No início deste mês, o Tribunal de Justiça de São Paulo isentou Klein de fazer o pagamento cobrado pela modelo após a perícia concluir que a assinatura atribuída a Saul não era realmente dele, fora falsificada, e que a representante que firmou o acordo em seu nome não tinha poderes para tanto, embora trabalhasse com ele à época.

A defesa da modelo rebateu a decisão e disse que entrará com outra medida judicial a fim de reestabelecer o pagamento.

Saul, que é acusado de aliciar e estuprar 14 mulheres, afirmou que M.M.A nunca foi sua funcionária. “Na verdade, foi uma das modelos contratadas por uma empresa especializada para participar de eventos promovidos na residência do Sr. Klein”, explicou o advogado André Boiani e Azevedo. “Ela frequentou a sua residência na condição de ‘sugar baby'”, pontuou.

“O Sr Klein reafirma que jamais praticou qualquer ato ilícito e que não manteve vínculo de emprego com qualquer modelo”, finalizou a defesa.


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