A banda Maneskin – “luar”, em dinamarquês – vem de um lugar distante dos EUA e Inglaterra, os maiores centros do rock mundial. Formada pelo quarteto Victoria Di Angelis (baixo), Damiano David (vocal), Thomas Raggi (guitarra) e Eithan Torchio (bateria), os italianos começaram tocando nas ruas de Roma quando ainda eram adolescentes. Em 2017 participaram do reality show “X Factor Itália”, no qual ficaram em segundo lugar; nos anos seguintes, venceram o Festival de Sanremo (Itália) e, com o seu rock pesado, atitude rebelde e uma presença de palco inquestionável – misturando movimentação sensual e figurinos ousados –, conquistaram o primeiro lugar no concurso Eurovision 2021. Os holofotes trouxeram milhares de fãs, principalmente jovens que viralizaram suas músicas nas redes sociais.
Os brasileiros puderam conferir ao vivo a dinâmica explosiva e contagiante do Maneskin pela primeira vez no Rock in Rio, no dia 8 de setembro. Um show que abalou as estruturas do Palco Mundo e fez o chão tremer, tanto com os pulos da plateia quanto com a apresentação, que apesar de não ser a atração principal da noite – lugar ocupado pelo Guns N’ Roses – conseguiu conquistar o público. Como se não bastasse o repertório já conhecido da banda, eles fizeram uma homenagem ao Queen, referência a um momento icônico da primeira edição do festival, em 1985, quando a banda inglesa se surpreendeu com o coral de dezenas de milhares de brasileiros cantando “Love of my Life. Dessa vez, Thomas na guitarra e Damiano cantaram e regeram o público.
No dia seguinte ao sucesso da apresentação no Rio de Janeiro, Maneskin tocou no Espaço Unimed, em São Paulo. Pouco antes do show, conversaram com ISTOÉ.
Essa é a primeira vez de vocês no Brasil. O País corresponde ao que vocês imaginavam?
Damiano: Eu acho que o Rio é muito bem descrito fora do Brasil. Um clima quente e caótico, mas com uma vibe muito boa. As lojas de rua, o pessoal jogando futebol na praia. É demais, parece que estamos em um filme.
O público brasileiro é parecido com o italiano?
Victoria: Sim, com certeza. É a mesma energia sexy.
Vocês têm tocado em grandes festivais, como o Lollapalooza e o Coachella. Receber um convite para tocar no Rock in Rio provocou alguma emoção diferente? Como foi a sensação de tocar para cem mil pessoas?
Victoria: Eu diria que nós participamos de alguns eventos pelo mundo que foram realmente incríveis, mas quando nós éramos mais novos, acho que como todas as crianças que tocam algum instrumento, nós assistíamos muito às performances do Rock In Rio. Foi uma sensação surreal estar naquele palco e certamente ficou marcado como um dos shows mais especiais que já fizemos.
De quem foi a ideia de tocar Love of my Life, do Queen?
Thomas: Eu e o Damiano conversamos sobre isso na noite anterior ao show. Foi uma ideia que surgiu de maneira muito natural e aleatória também. Quisemos homenagear uma banda gigante em um festival marcante. A ideia era fazer um tributo ao Queen mesmo.
Victoria: Quando acordei na manhã do show, escutei eles tocando a música no quarto ao lado e pensei: “o que tá acontecendo? Aí eles me disseram que estavam pensando em homenagear o Queen. Mas eles mal tinham ensaiado, então Thomas estava muito nervoso.
Thomas: Sim, eu estava animado, mas era algo muito importante que tínhamos decidido no dia do show. Senti a pressão dessa decisão, mas foi demais, algo realmente incrível.
Vocês são jovens, mas já têm fãs em todo o mundo. Como foi o início da carreira de vocês, desde as ruas de Roma até o Eurovision 2021?
Damiano: Começamos nos apresentando pelas ruas de Roma, entre 2015 e 2016. Em 2017 participamos do X-Factor Itália e ganhamos o segundo lugar, alcançando uma boa visibilidade no país. Gravamos dois álbuns, ganhamos o Festival de Sanremo e o Eurovision, o que foi bastante inesperado. “Beggin” viralizou, “I Wanna Be Your Slave” e “Zitti e Buoni” também. Conseguimos três bons hits e daí veio o convite para tocar no Rock in Rio.
Vocês cantam em inglês como em italiano. Como funciona o processo de composição da banda?
Victoria: É um processo bastante natural, não temos uma fórmula específica, é sempre diferente. Tanto o inglês quanto o italiano permitem que nós nos expressemos de maneiras diferentes sobre diferentes situações, então realmente depende do que está nos inspirando no momento.
Vocês eram jovens quando se tornaram mundialmente conhecidos. Qual a sensação de atingir tão cedo esse sucesso. Como lidam com isso?
Thomas: Acho que a parte boa é que estamos cheios de energia. Mas é difícil também, não temos mais tempo como antigamente e isso é muito maluco. Quando estamos muito cansados, das viagens, é mais difícil nos mantermos focados, mas no geral é maravilhoso. Trabalhamos duro para alcançar tudo isso, então é um sonho realizado.
Vocês já disseram que o Led Zeppelin é uma grande influência. Existem outros estilos que vocês ouvem além do rock and roll?
Damiano: Eu sou o outsider do grupo quando falamos de gosto musical, porque somos uma banda de rock, mas não sou um grande fã de rock. Gosto, mas não é o gênero musical que eu mais escuto. Sou mais do pop ou então de um rock mais leve. Sou o cara soft do grupo (risos).
Essa é uma grande revelação.
Damiano: Na verdade foram eles que me apresentaram e me levaram para o caminho do rock. Mas eu acho que isso é muito legal no nosso trabalho, sempre tentamos misturar esses universos. Eu diria que é o que faz com que a nossa música se destaque.