Saia plissada, camisa polo, suéter de lã. O tênis (o esporte) sempre ditou moda e basta recorrer à história de marcas como Hermès, Ralph Lauren e Lacoste para saber que a conexão do esporte com a área nunca deixou de estar presente — ainda que as peças sejam adaptadas de acordo com as necessidades estéticas de cada época. De tempos em tempos, contudo, a tendência volta com mais força às calçadas, vitrines e passarelas.

No momento, um dos responsáveis é o lançamento do filme Challengers (Rivais), estrelado por Zendaya (Euphoria e Duna) e dirigido por Luca Guadagnino. O tenniscore (ou tênis core) ainda acompanha o recente quiet luxury e o retorno do old money e o preppy style, apesar de caminhar para ser mais democrático.

O movimento se expande, ainda, graças às trends das redes sociais: só no TikTok são 22,6 milhões de visualizações ligadas à Tennis Core Aesthetic. “Fala-se sobre como criar um estilo que remeta ao do tenista, mas fora das quadras. Tudo isso sem necessariamente ter alguma relação com a prática do esporte”, diz Maya Matiazzo, professora do Hub de Moda e Luxo da ESPM.

A chegada do estilo a mais pessoas tem raízes profundas, fixadas na história das grifes que nasceram dentro das quadras.

• O primeiro modelo de camisa polo — hoje difundido entre todas as classes sociais, mesmo quando de empresas alternativas — surgiu com o campeão mundial René Lacoste para facilitar o desempenho dos atletas em quadra. Aos 90 anos de idade, a “marca do crocodilo” acompanha as demandas por novas cores, cortes e uma moda agênero, sem deixar de lado a sobriedade, o desempenho e o conforto originais. É assim que cardigãs com gola V, roupas com listras e calças do tipo jogging ganham sofisticação francesa na última coleção da Lacoste, desenhada por Pelagia Kolotouros (ex-The North Face). É o “luxo despretensioso”, ou effortless chic (chique sem esforço), segundo eles.

Outra peça que há tempos está presente nas ruas é o Stan Smith, da Adidas, tênis (o calçado) criado em 1973 em homenagem ao ex-profissional de mesmo nome — do modelo clássico às unidades em colaboração com novos designers.

Histórico: vestuário da primeira atleta negra a ganhar Roland Garros, Althea Gibson (acima), inspirou um dos figurinos da protagonista do filme de Luca Guadagnino (à dir.) (Crédito:Divulgação )
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Influência de impacto: entre as marcas que recentemente aderiram à tendência estão Céline, Ganni, Sporty & Rich, Louis Vuitton e Miu Miu (foto) (Crédito:Divulgação )
Agênero: coleção de Pelagia Kolotouros para a grife criada por René Lacoste há 90 anos traz toque francês às referências originais, baseadas no esporte (Crédito:Divulgação )

Aposta nos ícones

Não é de hoje que a estética do tênis chega à massa por influência de grandes nomes, sejam eles personagens do cinema ou da realeza, como a princesa Diana. “Ter a Zendaya como protagonista é um fator de peso nessa estratégia, já que hoje ela é um ícone fashion, além de ser uma celebridade de altíssimo alcance e bem quista”, diz Maya.

Nos eventos de lançamento do filme que fala do esporte de luxo — e que tem figurino assinado pelo diretor criativo J. W. Anderson, da Loewe —, a atriz usou uma série de looks inspirados no vestuário utilizado em campo.

Alguns deles têm a assinatura do estilista Law Rouch e, nos pés, até os saltos de um dos pares de calçado são arrematados pelas bolinhas icônicas.

Apesar da prevalência dos modelos mais clássicos e anatômicos, dentro das quadras também cabe a ousadia. É só recordar a campeã mundial Serena Williams, suas saias de tutus e seus trajes elaborados por estilistas famosos, como Virgil Abloh e Amy Denet Deal. Ela chegou a lançar coleções em parceria com marcas como a Nike e até mesmo a criar sua própria grife ao lado da irmã, a também tenista Venus Williams.