Mocidade Alegre é campeã do Carnaval de São Paulo de 2024. Em uma disputa acirrada com a Dragões da Real, nesta terça-feira, 13, a Morada do Samba repetiu o feito do ano passado e venceu o título pela segunda vez consecutiva — o 12º de sua história. Com a pontuação máxima, 270 pontos, a agremiação não perdeu pontos em nenhum dos quesitos apurados.

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A segunda colocada foi a Dragões da Real, que também atingiu a pontuação máxima, mas perdeu para a Mocidade Alegre por ter recebidos mais notas baixas que foram descartadas.

Os quesitos foram julgados na seguinte ordem: Evolução, Comissão de Frente, Fantasia, Enredo, Samba-Enredo, Bateria, Alegoria, Mestre-sala e porta-bandeira e Harmonia. Este último poderia ser utilizado como critério de desempate, mas não foi necessário.

“Ainda tô digerindo esse título, foi um ano muito difícil, todas as escolas vinham muito bem e nao sabíamos quem ia ganhar. Geralmente a gente imagina alguma coisa, mas a escolas evoluíram demais, então acaba perdendo o parâmetro”, afirmou a presidente da Mocidade Alegre, Solange Cruz Bichara Rezende, em entrevista a jornalistas logo após a apuração.

Solange lembrou também que fica muito feliz pela escola ter sido campeã no mesmo ano em que a cidade de São Paulo completa 470 anos.

“É um orgulho, justo nos 470 anos. Quero dedicar nosso título à toda nossa comunidade do bairro do Limão. Faremos uma grande festa”, complementou.

Terceira escola a desfilar no sábado, 10, a Mocidade levou para o sambódromo o enredo “Brasiléia Desvairada: a busca de Mário de Andrade por um país”, assinado pelo carnavalesco Jorge Silveira.

A escola retratou em seu desfile a viagem pioneira do escritor paulistano para conhecer e registrar as manifestações culturais brasileiras. Dessa expedição, iniciada com a companhia de modernistas geniais, como a pintora Tarsila do Amaral, surgiu a inspiração para várias obras de Mario, em especial o livro “O turista aprendiz”. Após relatar momentos da jornada, como o testemunho de manifestações como a arte barroca, carimbó, maracatu e o frevo, Mario de Andrade volta para São Paulo onde, batizado no samba rural de Pirapora do Bom Jesus, que é berço do samba no estado, escreve a história com os registros de suas pesquisas.

O samba apresentado no Anhembi foi composto por Biro Biro, Turko, Gui Cruz, Rafa Do Cavaco, Minuetto, João Osasco, Imperial, Maradona, Portuga, Fábio Souza, Daniel Katar e Vitor Gabriel, e foi defendido pela ala musical liderada pelo intérprete Igor Sorriso. O samba narra a jornada de Mario de Andrade para registrar a cultura brasileira começando por Minas Gerais, onde pesquisou sobre a arte barroca, passando pela região Amazônica, o Nordeste e retornando à São Paulo para transformar o material colhido em obras que marcaram a literatura brasileira.

A agremiação se apresentou com quatro carros alegóricos e um quadripé. O Abre-alas foi intitulado “Paulicéia Desvairada”, enquanto o segundo carro recebeu o nome de “As riquezas do Barroco Nacional”, a terceira se chamou “Pelo Amazonas até dizer chega” e a última foi batizada de “O samba rural de Pirapora do Bom Jesus – o berço do samba paulista”. O quadripé, que veio entre os carros dois e três, representou o “Maracatu”. Os nomes dos carros são inspirados em trabalhos frutos das pesquisas realizadas por Mario de Andrade ao longo da viagem retratada pelo enredo.

Já as fantasias da Mocidade representaram os diferentes registros feitos por Mario de Andrade ao longo da viagem pelo Brasil. Ritos folclóricos como o Carimbó e a Chegança, a arte barroca que inspirou a Ala das Baianas, passagens da jornada pelo Rio Amazonas e a famosa ferrovia Madeira-Mamoré, e danças presentes no carnaval brasileiro como maracatu e frevo, marcaram presença nas alas do desfile da Morada do Samba.

Com o título, a Mocidade Alegre se torna também a segunda escola de samba com mais títulos no carnaval paulistano, atrás apenas da Vai-Vai, que já conquistou 15 troféus.

Demais resultados da apuração do Carnaval de São Paulo 2024

  1. Mocidade Alegre — 270 pontos
  2. Dragões da Real — 270 pontos
  3. Acadêmicos do Tatuapé — 269,8 pontos
  4. Gaviões da Fiel — 269,6 pontos
  5. Mancha Verde — 269,6 pontos
  6. Império de Casa Verde — 269,6 pontos
  7. Acadêmicos do Tucuruvi — 269,4 pontos
  8. Vai-Vai — 269,4 pontos
  9. Barroca Zona Sul — 269,3 pontos
  10. Águia de Ouro — 269,1 pontos
  11. Rosas de Ouro — 269,1 pontos
  12. Camisa Verde e Branco — 269 pontos
  13. Tom Maior — 268,7 pontos
  14. Independente — 268,7 pontos

As seis escolas melhor pontuadas: Mocidade, Dragões, Tatuapé, Gaviões, Mancha e Império voltam à avenida do sambódromo do Anhembi para o desfile das campeãs, que acontece no próximo sábado, 17.

Já as duas últimas colocadas, Tom Maior e Independente, foram rebaixadas e desfilarão pelo Grupo de Acesso no Carnaval de 2025.

Jurada esquece de dar nota no Carnaval de São Paulo

A jurada Bia Cagliani esqueceu de dar a nota de evolução, primeiro quesito a ser lido pelos organizadores, para a escola Império de Casa Verde, na tarde desta terça-feira (13), e a Liga das Escolas de Samba fez uma média aritmética para chegar a um número.

Ao final, a Império ficou com 10. A média aritmética foi feita a partir das últimas notas da escola, e depois a direção arredondou para cima.

Os integrantes da Império ficaram inconformados com o esquecimento da nota.