Uma delegação de duas organizações internacionais de imprensa visita a Guatemala para analisar a complexa situação que os jornalistas locais vêm enfrentando nos últimos anos por ações do Ministério Público, informaram essas organizações nesta quinta-feira (25).

“O objetivo principal da missão é abordar a complexa situação que os jornalistas guatemaltecos enfrentam no exercício de seu trabalho informativo”, disseram em um comunicado conjunto a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) e o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

A delegação liderada pelo presidente da SIP, Roberto Rock, e o diretor do programa do CPJ, Carlos Martínez de la Serna, se reunirá com o novo presidente guatemalteco, Bernardo Arévalo, nesta mesma quinta-feira.

Também tem previsto visitar na prisão o jornalista José Rubén Zamora, fundador do extinto veículo de comunicação El Periódico, preso desde julho de 2022 por uma acusação de lavagem de dinheiro, que sindicatos da imprensa atribuem a uma perseguição por seu trabalho jornalístico.

Zamora foi condenado a seis anos de prisão em 14 de junho de 2023, mas, em outubro, um tribunal de apelações anulou a condenação e ordenou um novo julgamento, que começará em 5 de fevereiro.

Segundo o comunicado, tanto “a SIP como o CPJ e outras organizações internacionais documentaram a perseguição judicial contra os jornalistas críticos” empreendida pelo Ministério Público sob o governo anterior ao do ex-presidente direitista Alejandro Giammattei, a quem Arévalo sucedeu.

Essa situação “obrigou um grupo de jornalistas a fugir do país por temor às represálias e às prisões arbitrárias”, acrescentou.

Arévalo assumiu o poder há 10 dias, depois de meses de intensa perseguição movida pela procuradora-geral Consuelo Porras, a mesma que vem assediando jornalistas e ex-magistrados, e que insiste em se manter no cargo apesar dos pedidos do novo governante social-democrata para que renuncie.

Desde que Porras assumiu o cargo em 2018, lançou uma cruzada judicial contra agentes da justiça anticorrupção, ativistas humanitários e jornalistas, o que levou cerca de 30 deles a deixar o país. O mandato da promotora termina em 2026.

Além disso, os enviados da SIP e CPJ realizarão encontros com responsáveis dos meios de comunicação locais, o ministro do Governo (Casa Civil), Francisco Jiménez, e o presidente da Suprema Corte, Oscar Cruz.

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