A cirurgia plástica costuma ser uma busca comum pelo “corpo perfeito”, como foi o caso da Giovanna Coltro, 24, Miss Baixada Santista, que realizou o implante de silicone nos seios em julho de 2018. “Sempre foi uma questão pessoal, mas não foi algo meu. Foi por conta de uma pressão externa que a gente vive diariamente”, conta.

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Ao “g1”, de onde são as informações, a jovem detalha a decisão: “Fiz por autoestima. Achava que era menos mulher do que gostariam que eu fosse”. No entanto, o sonho de uma estética padrão se tornou um pesadelo.

Embora tenha gostado do resultado, Giovanna passou a apresentar alguns sintomas de saúde pouco tempo depois, até descobrir a “Doença do Silicone”. 

“Estava sempre me sentindo doente, cansada, exausta. Dormia mal, tinha sudorese noturna, dor no corpo, dor nas mãos e tremor”, relembra. E os sintomas iam além: “Sentia muito frio e precisava usar seis blusas em dias com temperaturas amenas para conseguir sair. Meu cabelo caía de encher a mão, e o rosto, bochecha, olhos e nariz incharam. Não tinha forças para nada”.

A jovem buscou atendimento médico, mas o diagnóstico não foi tão fácil de constatar. “Diziam ser ‘coisa da minha cabeça'”, conta sobre os profissionais que passou, entre eles psiquiatra, psicólogo, reumatologista e dermatologista.

Após algumas pesquisas na internet, Giovanna tomou conhecimento da “Doença do Silicone” e logo procurou seu cirurgião plástico, que marcou o explante das próteses para a mesma semana, em outubro de 2021. 

“Quando tirou, as próteses estavam murchas. O ‘gel bleeding‘ – que tinha visto na internet – era real. Parte do gel do silicone vazou e despejou metais pesados no meu organismo. Assim que tirei o silicone, os sintomas foram sumindo. Parou com a dor nas costas, o tremor, o inchaço”, relata a Miss.

Atualmente, ela afirma alívio e bem-estar, e usa as redes sociais para conscientizar outras mulheres sobre essa condição pouco conhecida. “Só depois que eu coloquei meu silicone me deram um livrinho dizendo que o gel poderia vazar. Por que não contaram antes?”, questiona.

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“Doença do Silicone”

Ao “g1”, o cirurgião plástico, mestre em Direito à Saúde e secretário nacional da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Eugenio Gonzalez Cação, explica que a “Doença do Silicone” é um conjunto de sinais e sintomas ocasionados pelo uso do silicone em próteses ou líquidos injetáveis.

Os sintomas mais comuns da doença são semelhantes à doença reumática (reumatismo), como febre, fadiga, dores articulares e rigidez, por isso o diagnóstico nem sempre é rápido.

A condição pode ocorrer linfomas anaplásicos de células gigantes, uma reação tóxica, ou contratura capsular, mais frequente. Segundo Eugenio, o uso de corticoides pode ser recomendado para quadro agudo, que poderá ou não reaparecer. Já em reações mais intensas, o explante da prótese de silicone e da cápsula é indicado.

Para finalizar, o especialista esclarece sobre ‘gel bleeding‘ — extravasamento do silicone interno pelas camadas externas da prótese. “Hoje, diminuímos muito este fenômeno, pois o silicone é mais espesso, e existem várias camadas externas nas próteses”, afirma.