Os ministros das Finanças do G7 se reúnem nesta quarta e quinta-feira perto de Paris em plena tensão entre a França e os Estados Unidos pela taxa francesa aplicada aos gigantes americanos da internet.

Oficialmente, o objetivo do G7 das Finanças, que se reúne em Chantilly, norte de Paris, sob o lema “Fazer um capitalismo mais justo”, é levar os “sete países economicamente mais potentes do planeta à redução das desigualdades e à justiça fiscal”, indicou uma fonte francesa.

O encontro também servirá para preparar a cúpula dos chefes de Estado do G7, programada para Biarritz (sudoeste da França) no final de agosto.

Mas também será uma ocasião para os aliados dos Estados Unidos conversarem com o governo de Donald Trump sobre questões como a guerra comercial e a taxa para os gigantes da Internet.

O ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, se encontrará cara a cara com o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, apenas uma semana depois que os Estados Unidos lançaram uma investigação sobre o imposto francês Gafa (um acrônimo para Google, Apple, Facebook e Amazon).

La Maire assegura que a França está disposta a cancelar a taxa se finalmente for alcançado um acordo global sobre a avaliação das grandes empresas de tecnologia, um projeto que está sendo negociado no âmbito da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com 2020 como objetivo.

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“Vamos convidar o sr. Mnuchin a acelerar os esforços para definir a taxação do século XXI, invés de ameaçar (….) com sanções e represálias que não são as melhores políticas entre os aliados”, disse a fonte francesa.

– Moeda virtual –

A investigação americana sobre o imposto Gafa – aberto sob a lei de comércio dos EUA chamada Seção 301 – poderá levar a uma retaliação por parte dos Estados Unidos.

A França, que este ano preside o G7, pretende reduzir “a defasagem entre a realidade econômica e a realidade fiscal” após o surgimento de gigantes da Internet acusados de pagar muito poucos impostos.

As ONGs Attac e Oxfam pediram ao G7 que “se comprometa com um sistema tributário internacional mais justo” e imponha “uma tributação mais eficaz” às grandes multinacionais.

A reunião também abordará o projeto de moeda virtual Libra, do Facebook, que preocupa tanto os ministros das Finanças quanto os bancos centrais.

“Reafirmamos nossa vontade de não permitir que uma empresa privada tenha meios de soberania monetária”, disse uma fonte do Ministério da Fazenda.

Le Maire também expressou publicamente sua oposição à Libra.

A presidência francesa do G7 quer, por outro lado, lutar contra a evasão fiscal que “permite às multinacionais gerar lucros num só lugar e transferi-los para outro onde os níveis de impostos são mais baixos”.

Le Maire, e seu colega alemão Olaf Scholz “estão determinados a avançar com resultados concretos”, disse a fonte francesa, mas descartou qualquer acordo em Chantilly a respeito de um imposto sobre as sociedades para reduzir a chamada optimização fiscal.

Os ministros devem também abordar a sucessão da francesa Christine Lagarde à frente do Fundo Monetário Internacional (FMI) após sua nomeação como próxima presidente do Banco Central Europeu (BCE).



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