BRUXELAS, 20 SET (ANSA) – A nova aliança entre Estados Unidos, Reino Unido e Austrália, chamada de Aukus, voltará a ser pauta de uma reunião de ministros da União Europeia nesta segunda-feira (20). Dessa vez, os chanceleres dos países-membros do bloco debaterão o assunto em Nova York, onde acompanham comitivas governamentais que participarão da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU).   

Segundo o Serviço Europeu para Ação Externa, essa será a “primeira oportunidade” que os ministros das Relações Exteriores terão para discutir o assunto frente a frente e o encontro contará com a liderança do alto comissário europeu para a Política Externa, Josep Borrell.   

Além do pacto afetar diretamente a França, que tinha um acordo bilionário com os australianos para produzir submarinos, ele torna “incerto” o caminho para que o acordo comercial que vem sendo discutido com Camberra ande de maneira positiva. Os franceses classificaram a aliança como uma “punhalada nas costas” da Austrália.   

“Ao fim do último round das negociações, em junho, nós havíamos feito um acordo [para nos reunir] em outubro. Agora, estamos analisando a questão da Aukus e qual será o seu impacto nas negociações”, disse um dos porta-vozes do grupo.   

Outra notícia em relação à crise provocada pela Aukus, que foi confirmada pelo jornal britânico “The Guardian” e pela agência francesa AFP, é que uma reunião formal entre os ministros da Defesa de Paris e de Londres foi “adiada”.   

O encontro deveria reunir Ben Wallace e Florence Parly nesta semana, mas será remarcado “em uma nova data”.   

Ainda no âmbito dos EUA, o presidente Joe Biden teria pedido para falar com Emmanuel Macron “nos próximos dias” sobre o acordo, confirmou o porta-voz do Eliseu, Gabriel Attal, à emissora “BFMTV”. O representante disse que os franceses “querem explicações” do que é considerado “uma grave violação da confiança”.   

Tentando por panos quentes na situação, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, afirmou neste domingo (19) disse que a relação com a França é “de imensa importância” e que o “amor é inextirpável” entre ambos. Em Nova York, Johnson destacou ainda que ambas as nações tem “uma relação muito amigável”.   

A aliança – O anúncio da criação da Aukus foi realizado no dia 15 de setembro pelo presidente Biden e pelos premiês Johnson e Scott Morrison. Segundo os líderes, a ideia é reforçar a força dos três na região indo-pacífica para evitar “interferências externas”, uma clara referência ao poder da China localmente.   

Entre as parcerias anunciadas, está o fornecimento de submarinos com propulsão nuclear para os australianos, que não tem essa tecnologia disponível atualmente.   

O problema é que, em 2016, Camberra havia fechado um acordo no valor de 56 bilhões de euros com os franceses para a produção e entrega de 12 submarinos normais, por meio do Naval Group. Ao fazer o anúncio da Aukus, Morrison afirmou que o contrato com Paris estava cancelado.   

A atitude irritou profundamente os franceses, e provocou uma dura reação dos Ministérios da Defesa e das Relações Exteriores.   

Além disso, a União Europeia criticou o fato de que o acordo não foi informado para os europeus em nenhum momento e que foi pega de surpresa pelo anúncio. A decisão foi vista com maus olhos, já que todos os envolvidos são considerados parceiros do bloco.   

(ANSA).