Filho de 16 anos de Johan Forssell recrutou membros para organizações extremistas. Ministro, que defendia responsabilizar pais por crimes de filhos, disse estar chocado e que situação serve de alerta para todos.O ministro da Migração da Suécia, Johan Forssell, confirmou nesta quinta-feira (10/07) que seu filho de 16 anos teve vínculo com organizações extremistas de direita. Ele deverá prestar esclarecimentos sobre o caso a uma comissão parlamentar.
O caso pressiona o governo de minoria sueco que depende do apoio indireto da ultradireita para aprovar projetos no Congresso.
Forssell disse estar "chocado e horrorizado" com as atividades do jovem e afirmou que a situação serve como "alerta" para outros pais. "O quanto realmente sabemos sobre o que nossos filhos fazem nas redes sociais e como podemos protegê-los de serem arrastados para algo que não queremos?", disse ao canal TV4.
Ele veio a público após o observatório antirracismo Expo revelar na semana passada que um "parente próximo" de um ministro sueco seria um membro ativo de grupos supremacistas brancos. Segundo a Expo, o parente até então não identificado teria colaborado com um ativista do Movimento de Resistência Nórdico, de ideologia neonazista, e recrutado membros para organizações extremistas como Suécia Livre e o Clube Ativo Suécia.
Apesar de reconhecer o envolvimento do filho, Forssell negou que o adolescente tenha cometido crimes e disse que apenas soube das atividades quando foi informado pelo serviço de segurança do país há algumas semanas. Falando à agência TT nesta sexta-feira, o ministro condenou "todas as formas de extremismo político". "Tive conversas longas e sinceras com o menor, que está arrependido e triste. Toda associação com esses círculos agora ficou para trás", afirmou.
Oposição convoca ministro a prestar esclarecimentos
As revelações levaram a acusações de que o governo estaria usando dois pesos e duas medidas para lidar com casos assim. Anteriormente, o ministro já defendeu publicamente a responsabilidade dos pais por filhos envolvidos em crimes.
O Partido de Esquerda disse que vai convocar o político para prestar esclarecimentos a uma comissão parlamentar. A proposta foi apoiada por outros dois partidos de oposição, os Social-Democratas e o Partido Verde.
O governo minoritário de centro-direita do primeiro-ministro da Suécia Ulf Kristersson depende do apoio do partido anti-imigração Democratas da Suécia (SD) em sua coalizão. O premiê também tem sido acusado de não combater o extremismo de direita no país.
Em declaração à imprensa, Kristersson apoiou o ministro. "Continuo tendo confiança em Johan Forssell", afirmou o premiê. "Johan Forssell agiu como deve agir um pai responsável ao descobrir que seu filho estava fazendo algo errado e andando com más companhias. Sei que muitos pais de adolescentes têm suas próprias experiências com diferentes tipos de conversas difíceis", completou.
Falando à emissora TV4 na quinta-feira, Forssell disse que não deixará o cargo e que não abordou publicamente as denúncias antes para proteger seu filho de 16 anos. "Isso não foi para me proteger como político, mas para proteger um menor", explicou. "Estou totalmente focado em implementar as políticas para as quais recebemos o apoio do povo sueco", completou, reforçando que "detesta todas as formas de extremismo."
Revelação pressiona política migratória do governo
O governo de Kristersson chegou ao poder em 2022, quando seu partido de orientação conservadora passou a cooperar com o SD, que já foi criticado por ligações de seus membros com grupos de extrema direita ou neonazistas. O SD não compõe a coalizão governamental, mas como Kristersson não possui votos suficientes para atingir maioria parlamentar, depende do apoio da ultradireita para aprovar projetos.
O líder do SD, Jimmie Akesson, tenta desde 2005 suavizar a imagem do partido.
A cientista política Marja Lemne disse à agência de notícias AFP que as revelações são especialmente embaraçosas para o governo, que propôs recentemente exigir que migrantes levem uma "vida honesta" ou corram o risco de deportação. Ela acredita que o caso pode ter impacto nas eleições previstas para setembro de 2026.
"Depende do que mais acontecer, mas não acho que eles conseguirão enterrar o assunto apenas ficando em silêncio", avaliou Lemne.
gq/cn(AFP, EFE, OTS)