Ricardo Salles está por um fio no Ministério do Meio Ambiente. Bolsonaro até gosta dele, principalmente de suas bravatas ideológicas. Mas, nesta semana, ele cutucou onça com vara curta. Ao saber pelo general Braga Netto (Casa Civil) que Guedes havia bloqueado R$ 60 milhões das verbas de seu ministério para o combate ao desmatamento e aos incêndios na Amazônia e no Pantanal, Salles foi para a imprensa e anunciou que iria suspender todas as ações contra a destruição do meio ambiente. Ameaçou paralisar o trabalho de centenas de brigadistas do Ibama que ainda restaram. Mais um descalabro bolsonarista se avizinhava, quando entrou em cena o general Hamilton Mourão. Ele conseguiu desbloquear o dinheiro e ainda deu um pito em Salles: “precipitou-se”, bateu o general.

Estrago

Ao saber que Mourão liberou o dinheiro, Salles divulgou uma nota voltando atrás, mas o estrago já estava feito. Ele ficou mal com os generais Mourão e Braga Netto, além de Guedes. Os generais entenderam que antes de Salles sair atirando contra medidas do próprio governo ele deveria ter conversado com o presidente. Salles deu um tiro no pé.

Inábil

Faltou a Salles habilidade para contornar a crise. Que o governo não toma medidas efetivas para salvar a Amazônia já se sabe há muito tempo. Afinal, a destruição de suas florestas cresce a olhos vistos. De agosto de 2019 a julho deste ano, o desmatamento aumentou 34%, segundo o Inpe. Inexplicável por que Salles ainda se mantém no cargo.

As falanges do ódio digital

DANIEL TEIXEIRA

O juiz Sang Duk Kim, da 7ª Vara Cível de São Paulo, julgou improcedente a ação movida pelo bolsonarista Otávio Fakhoury contra a ISTOÉ. Acusado de divulgar fake news por meio do seu jornal virtual “Crítica Nacional”, o empresário queria ter direito de resposta para desautorizar a revista. O juiz entendeu que a reportagem é consistente
e legítima. Istoé foi defendida pela advogada Lucimara Melhado.

Rápidas

* O presidente precisa rever suas amizades no Rio. Depois da deputada Flordelis, agora é seu pastor favorito, Everaldo Dias Pereira, a ter problemas com a polícia. Everaldo batizou Bolsonaro no Rio Jordão, em 2016. Ele foi parar na cadeia e Flordelis vai em breve.

* Bolsonaro quer voltar ao PSL, mas diz que só retorna se o partido se livrar de sete deputados e do senador Major Olímpio. O deputado Julian Lemos, vice do PSL, garante que Bivar não cederá: “Bivar tem caráter”.

* Para garantir o novo Bolsa Família em R$ 300 por mês, Guedes sugere cortar o auxílio-reclusão, o salário-maternidade, o auxílio-desemprego e a pensão rural. Antes, quis cortar o abono salarial, mas Bolsonaro desautorizou.

* Marta Suplicy quer ser vice de Bruno Covas, mas não será. O PSDB deseja uma mulher para a vaga. A senadora Mara Gabrilli corre por fora, As chances são remotas. Definição só na convenção, no sábado, 12.

Retrato falado

“Bolsonaro é um homem tosco e, em vários momentos, lhe falta polimento e educação” (Crédito:Roque de Sá)

O senador Lasier Martins disse, em live na ISTOÉ, na sexta-feira, 28, que o presidente tem sido inábil na condução do País. Lembrou que Bolsonaro até começou bem, mas depois ele próprio encarregou-se de enfraquecer o governo. “Ele faz uma administração conturbada e confusa”, explicou o senador, que é jornalista. E aproveitou para comentar os ataques do presidente a repórteres. “Bolsonaro é autoritário, absolutista, monocrático e vem ultrapassando todos os limites.”

Fazendo água

Enquanto Guedes rebola para arrumar R$ 25 bilhões necessários para viabilizar o Renda Brasil – o Bolsa Família maquiado -, as contas públicas só pioram. Estima-se que este ano a dívida pública alcance R$ 5 trilhões, quase 100% do PIB. É verdade que a pandemia agravou o quadro. Mas, antes do coronavírus, a dívida já era estimada entre R$ 4,5 trilhões e R$ 4,75 trilhões. A coisa só não está pior porque o BC vai transferir para o Tesouro R$ 325 bilhões de seu lucro com operações cambiais. Já o déficit fiscal cresce mês a mês. Em julho, foi de R$ 87, 8 bilhões (contra R$ 5,9 bilhões em julho de 2019). Este ano, o déficit está estimado em R$ 505 bilhões.

Má gestão

É verdade que Guedes foi atropelado pela Covid-19, mas cadê as privatizações que iriam encher o caixa do governo com os trilhões prometidos? Cadê as reformas administrativa e tributária que iriam desburocratizar e reduzir o tamanho do Estado? Nada acontece. Guedes até jogou a toalha. Está nas cordas.

Descendo do platô

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O governador João Doria comemora que, após seis meses da luta contra a Covid-19, São Paulo começa a vencer a doença. O número de pessoas contaminadas está caindo vertiginosamente. Em quatorze dias, o número de óbitos diminuiu 20%. “Estamos iniciando a descida do platô”, diz Doria, que não se arrepende de ter adotado medidas duras na quarentena.

A queda

No domingo, 30, a média móvel no número de óbitos foi de 215, enquanto que a média no número de casos atingiu 7.039 pessoas contaminadas. Em julho, a média móvel era de 277 mortes, enquanto que no dia 14 de agosto a média de casos foi de 11.106 pessoas infectadas. “A notícia é positiva, mas é preciso prudência. Fundamental manter as medidas de isolamento.”

As amizades suspeitas de Flávio

Divulgação

O senador Flávio Bolsonaro tem uma atração fatal por escolher amigos envolvidos em malfeitos. O seu segundo suplente no Senado, Leonardo Rodrigues, atual secretário de Ciência e Tecnologia do Governo do Rio de Janeiro, é acusado de receber mesada mensal de R$ 150 mil do esquema criminoso de Witzel.

Toma lá dá cá

Julian Lemos, Deputado (Crédito:GILMAR FELIX)

Por que nos últimos meses o senhor vem revidando, nas redes sociais, os ataques que sofre dos filhos do presidente?
Os filhos do presidente Jair Bolsonaro são perversos, vingativos e moleques. O presidente perdeu o controle total sobre eles.

Por que o senhor diz isso?
Os filhos de Bolsonaro agem na zona sombria das fake news, com tenebrosas articulações políticas e negociatas de cargos.

E eles atingem, principalmente, os que estão ao lado do pai deles, como é o seu caso?
Eles gostam de rebaixar, humilhar e diminuir as pessoas, como aconteceu comigo e com o Gustavo Bebianno, de saudosa memória. Esquecem-se que nós ajudamos a eleger o pai deles. O deputado Eduardo é um moleque e demagogo.