FLORENÇA, 22 JUN (ANSA) – O ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, protagonizou mais uma polêmica nesta sexta-feira (22), ao dizer que as 10 vacinas obrigatórias para crianças em idade escolar são “inúteis e, em muitos casos, perigosas e danosas”.   

A declaração foi dada a uma rádio italiana, após Salvini ser perguntado sobre a atual legislação do país, que proíbe menores sem a vacinação em dia de frequentarem escolas, norma que deve ser derrubada pelo governo de aliança entre Movimento 5 Estrelas (M5S) e Liga.   

“Garanto o empenho assumido na campanha eleitoral para permitir que as crianças não sejam expulsas das salas. Acredito que 10 vacinas obrigatórias sejam inúteis e, em muitos casos, perigosas e danosas”, disse Salvini, sem citar nenhum estudo para comprovar sua tese.   

Atualmente, as vacinas obrigatórias na Itália protegem contra doenças como poliomielite, difteria, tétano, hepatite B, coqueluche, sarampo, caxumba, varicela, rubéola e Haemophilus influenzae tipo b, que, entre outras coisas, causa meningites bacterianas.   

A declaração de Salvini foi criticada até pela ministra da Saúde da Itália, Giulia Grillo, que afirmou que “polêmicas instrumentais” criam um “circo midiático”. “Quero reiterar mais uma vez que as vacinas são um instrumento fundamental de prevenção sanitária primária”, disse ela, que é do M5S, enquanto o ministro do Interior lidera a Liga.   

Embora defenda a presença de todas as crianças na escola, Grillo acrescentou que as avaliações científicas sobre a vacinação “não cabem à política”. Já a senadora vitalícia Elena Cattaneo, que é neurobiologista, afirmou que o “único risco” é representado “por um ministro do Interior que fala de coisas sobre as quais não tem competência, fazendo campanha eleitoral em cima da saúde das crianças”.   

Após a repercussão, Salvini tentou contemporizar e disse que, “como tantos médicos”, compartilha da ideia de que “é melhor educar para as vacinas do que obrigar”. “Como papai e ministro, me preocupo com a saúde das crianças e que a todas seja garantido o acesso à escola”, completou.   

Nos últimos anos, a Itália experimentou um aumento nos casos de doenças como sarampo devido à queda na cobertura da vacinação, fenômeno que também ocorre em outros países da Europa. (ANSA)