Ministro italiano diz que genes masculinos não aceitam igualdade

ROMA, 21 NOV (ANSA) – O ministro da Justiça da Itália, Carlo Nordio, afirmou nesta sexta-feira (21), durante uma conferência internacional sobre feminicídios, que o código genético masculino não aceita a paridade de gênero.   

Em sua participação no evento, que também tratou da violência de gênero, o político italiano mencionou uma “sedimentação [na mentalidade do homem] que é difícil de remover porque se formou ao longo de milênios de opressão e superioridade”.   

“Portanto, mesmo que hoje os homens aceitem, e devam aceitar, essa igualdade formal e substancial absoluta com as mulheres, em seu subconsciente, seu código genético sempre encontra certa resistência”, analisou Nordio.   

A ministra da Família, da Taxa de Natalidade e da Igualdade de Oportunidades da Itália, Eugenia Roccella, também chamou atenção na conferência ao mencionar que a educação sexual não leva a uma queda nos feminicídios.   

“Podemos falar sobre educação sexual e emocional, mas apenas de forma indireta. Se observarmos países onde isso já é uma realidade há muitos anos, como a Suécia, veremos que não há correlação com uma diminuição nos feminicídios”, declarou.   

A oposição questionou os comentários de Nordio e Roccella. A líder da bancada do Italia Viva (IV), Maria Elena Boschi, avaliou que os posicionamentos dos ministros foram “vergonhosos” durante o evento.   

“Nordio, que se refere à violência contra as mulheres como uma ‘mácula’ masculina, e Roccella, que afirma que a educação é inútil no combate ao feminicídio, estão insultando todas as mulheres que exigem respeito e igualdade de oportunidades todos os dias”, afirmou.   

A senadora Sabrina Licheri, do Movimento 5 Estrelas (M5S), também criticou as falas, classificando-as como “abomináveis e ultrapassadas”.   

Segundo um relatório divulgado nesta sexta-feira (21) pelo Instituto Nacional de Estatística (Istat), uma em cada três mulheres italianas já foi vítima de violência física ou sexual.   

O órgão revelou que 6,4 milhões de italianas (31,9%) entre 16 e 75 anos sofreram pelo menos um episódio de violência física ou sexual ao longo da vida. Além disso, 26,5% das entrevistadas afirmaram que as agressões foram cometidas por parentes, amigos, colegas ou desconhecidos. (ANSA).