Ministro italiano apoia reforço militar contra ameaças híbridas

ROMA, 18 NOV (ANSA) – O ministro da Defesa da Itália, Guido Crosetto, defendeu um amplo reforço das capacidades militares do país para enfrentar o que descreve como uma crescente ameaça híbrida contra o Ocidente.   

Um documento não oficial elaborado pelo ministro, divulgado nesta terça-feira (18), detalha propostas que incluem a ampliação do efetivo de 10 mil a 15 mil soldados, com foco em cibersegurança, espectro eletromagnético e novas tecnologias, além da criação de um setor operacional “muito robusto”.   

O texto destaca que a atual estratégia internacional de contenção não é suficiente diante de ameaças híbridas, que, segundo Crosetto, ocorrem “diariamente”, especialmente nas áreas de “desinformação, guerra cognitiva e guerra cibernética”.   

“Contenção não basta: precisamos de medidas concretas para prevenir e dissuadir”, afirma o ministro. “Não podemos esperar para sermos atacados antes de reagir: prevenção e dissuasão são as únicas opções.” Crosetto critica o que considera uma postura passiva do Ocidente e compara a ameaça híbrida à violação de fronteiras aéreas, marítimas ou terrestres, destacando que nenhum país deixaria de reagir em tais situações.   

“Para o domínio cibernético e para as guerras cognitiva e híbrida, o mesmo princípio deve ser aplicado: devemos nos preparar para nos defender eficazmente, o que, dada a natureza do contexto, não pode ignorar posturas proativas e reações legítimas e oportunas”, acrescenta o documento.   

No mesmo relatório, o ministro também analisa o cenário do conflito entre Rússia e Ucrânia, enfatizando que o apoio internacional, aliado à determinação do povo ucraniano e à resiliência de suas Forças Armadas, tem permitido a Kiev conter a ofensiva russa, mas não mudou substancialmente o rumo da guerra.   

“Essa resistência ucraniana se traduz principalmente na capacidade de ‘ganhar tempo’, sem provavelmente conseguir criar as condições necessárias para reconquistar os territórios ocupados”, aponta o texto.   

O relatório afirma ainda que a situação ucraniana deve se agravar com o esgotamento do contingente de voluntários, previsto ao menos até o fim de 2025.   

Já a Rússia, segundo Crosetto, “possui recursos superiores”, tanto em meios militares quanto em recursos humanos, além de contar com apoio direto ou indireto de diversos países.   

O documento também menciona que Moscou dispõe de uma indústria de defesa mais forte do que no início da invasão e estima que as perdas russas somariam cerca de um milhão de soldados desde o início da guerra, número supostamente desconhecido pela maior parte da população russa.   

“A liderança russa parece dar pouca importância ao fator tempo e ao custo humano do conflito”, conclui o relatório. (ANSA).