O ministro de Comércio da França, Matthias Fekl, defendeu hoje o fim de negociações comerciais entre União Europeia e EUA, no sinal mais claro da crescente oposição na Europa ao que seria o acordo comercial mais ambicioso em décadas.

Fekl anunciou que vai pedir à Comissão Europeia, o braço executivo da UE, durante reunião de ministros prevista para o fim de setembro, que sejam interrompidas as discussões para o Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP, na sigla em inglês). A comissão lidera as negociações com os EUA, em nome da UE.

“A França já não apoia mais essas negociações politicamente”, disse Fekl a uma rádio francesa. “Os americanos não estão nos dando nada”, acrescentou. “Essa não é a forma de aliados negociarem”.

Os comentários de Fekl mostram como o ceticismo em relação a acordos comerciais é comum a ambos os lados do Atlântico. Nos EUA, o presidente Barack Obama enfrenta uma dura batalha no Congresso para aprovar outro grande acordo comercial, a Parceria Transpacífico.

Na UE, políticos das maiores economias do bloco, França e Alemanha, viram alvos de críticas por apoiarem as negociações com os EUA. Marine Le Pen, líder do partido de extrema direita francês Frente Nacional, tem frequentemente atacado o presidente François Hollande por apoiar as discussões. Já no domingo, o vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, declarou que as “negociações com os americanos fracassaram”.

Os EUA e a UE iniciaram as conversas em 2013. Na ocasião, a maioria dos países europeus, em busca de políticas que estimulassem a perspectiva de crescimento da região, apoiou as negociações com entusiasmo.

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A expectativa é que o TTIP elimine quase todas as tarifas e reduza a burocracia que emperra o comércio, estabelecendo o que seria uma vasta zona de livre comércio transatlântica. No entanto, há temores na Europa de que o acordo acabe exigindo que a região aceite tecnologias dos EUA, como a biotecnologia agrícola. Fonte: Dow Jones Newswires.


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