O ministro da Educação escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro, Carlos Alberto Decotelli, pediu demissão nesta terça-feira (30) antes mesmo de ter assumido a pasta, por mentir informações sobre o seu currículo acadêmico.
Decotelli, que se apresenta como militar da reserva da Marinha e foi a primeira pessoa negra a assumir uma pasta pelo governo Bolsonaro, entregou hoje sua carta de renúncia no Palácio do Planalto, apenas cinco dias depois de ter sido nomeado, como informou um dos assessores especiais do presidente, Paulo Roberto.
O “ex-futuro ministro”, como a imprensa o chama, tinha colocado em seu currículo: “Licenciatura em Ciências Econômicas, Mestre pela Fundação Getúlio Vargas, Doutorado pela Universidad de Rosário (Argentina) e Pós-Doutorado pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha”.
No entanto, na última sexta, o reitor da universidade argentina, Franco Bartolacci, comunicou que Decotelli não obteve o título, informação corrigida poseriormente pelo ministério em seu histórico, que acrescentou que ele teria feito as matérias, mas “não havia defendido a tese”.
Por sua vez, a Universidade de Wuppertal informou na última segunda que Decotelli “fez uma pesquisa por três meses em 2016” nessa instituição alemã, mas “não obteve nenhum título” ali.
Outra suspeita sobre sua carreira foi em uma instituição brasileira, com acusações de plágio em sua dissertação de mestrado na Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro.
Porém, a FGV negou nesta terça que Decotelli tenha sido professor da instituição entre 2016 e 2018, como alegava em seu extenso currículo, sendo o ponto alto da polêmica.
Bolsonaro ainda não anunciou o susbstituto para a pasta, que será o terceiro ministro da Educação desde que assumiu o governo.
Decotelli foi nomeado para substituir Abraham Weintraub, envolvido em inúmeras polêmicas. O ex-ministro, um fervoroso bolsonarista, Weintraub chegou a publicar declarações racistas contra chineses no Twitter, relativizou as atrocidades cometidas pelos nazistas e chamou os juízes da Suprema Corte de “covardes”, alegando que eles deveriam ser “presos”.
Desde que Bolsonaro assumiu o cargo, uma dúzia de ministros deixaram seus cargos, por demissão ou renúncia, em meio a controvérsias ou incompatibilidades com o presidente.
Entre eles, dois ministros da Saúde em meio à pandemia da COVID-19.